O tabu chegou ao fim. Santana Lopes mostrou-se disponível para chefiar o Grupo Parlamentar do PSD. É que o ex-primeiro entre os ministros deve ter estado a ouvir os célebres concertos de Paganini, que jurou um dia ter descoberto. Talvez para se inspirar. Para exercitar a genialidade, como Nero, chamando a si o melómano e o pirómano. O dois em um só para os eleitos. Aqueles que elegeram o culto narcísico como tema único para as suas vidas. É de ciência certa que, para PSL, o primeiro dos atributos só faz sentido num cenário de "Terna é a Noite". O segundo esteve quase a levá-lo por diante. Quando ficou à beira de incendiar um país, graças à sua inefável incompetência. Felizmente, esse país percebeu a tempo e remeteu-o ao seu verdadeiro lugar: a insignificância das revistas cor-de-rosa. Mas nova liderança tomou conta do PSD. Constituída pelo sindicato do aparelho, na feliz expressão de JPP. Com um animador provinciano e psicologicamente instável à frente. Que promete todo o tipo de prebendas aos apaniguados, como se sabe. PSL percebeu que era hora de voltar à ribalta. A sua missão estava longe de ficar concluída. Mas como? Ser-lhe oferecida uma sinecura qualquer nos órgãos do partido seria pouco. Afinal, o homem é uma instituição de per si. Não seria mais consentâneo com o seu estatuto especial colocá-lo numa espécie de liderança paralela, eminentemente parda? Sim, mas seria escasso para o seu apetite de protagonismo. A liderança do grupo parlamentar viria mesmo a calhar. Não sem antes uma série de "não confirmo nem desminto, antes pelo contrário", como se viu no Congresso. Lances florentinos cada vez mais acessíveis a políticos menores. Como se o desfecho não se soubesse desde a primeira hora! Pois é. Para mal dos nossos pecados, o Dorian Gray da política portuguesa está de volta. O tribuno pífio. O Cícero de papelão às voltas com um egotismo de dimensão imperial. Adivinha-se nova catástrofe. A que este blogue vai assistir na primeira fila.
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