terça-feira, 2 de outubro de 2007

Dizer não!

A propósito das praxes académicas, vale a pena ler um comentário de Tiago Mendes a um texto de João Luís Pinto, o qual coincide, grosso modo, com o que penso sobre o assunto. É óbvio que existe uma desproporção, de facto, entre quem comete as conhecidas sevícias e o neófito a quem são infligidas. Descobrir uma pretensa igualdade entre as partes é uma ficção, mais apropriada à ordem jurídica do séc. XIX, mas perfeitamente desadequada nos dias que correm. Relativamente à natureza das praxes, prima pela seu carácter controverso. Durante a minha passagem pela Universidade, bati-me sempre, nos lugares próprios, para que a praxe fosse encarada como um instrumento de crescimento e de integração e não um simples exercício de autoridade pífia, um hino à imaginação e não um nicho tolerado para a prática da humilhação. E que dela fosse banida qualquer violência, real ou figurada. Infelizmente, pelos relatos que chegam, parece ter triunfado a segunda versão. Se quem a ela se submete o faz de livre vontade, antecipando a humilhação que vai inflingir no ano seguinte, é uma decisão que só ao próprio diz respeito. Mas quem não quer, saiba dizer não. Sem medo.

Sem comentários:

Enviar um comentário