sexta-feira, 27 de maio de 2011

A luz

A luz dos olhos devora tudo. Ser visto é quase morrer.

Aforismos, Teixeira de Pascoaes, selecção e organização de Mário Cesariny 


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pradial

(20 de Maio a 18 de Junho)

Encontro marcado

É um erro pensar que os outros, alguns outros, não têm uma consciência. Que algo os impede de uma dissimulada contrição. Que não possam, ou não saibam, reconhecer as regras que precedem a secura de uma lei, ou o peso da uma obrigação. Não é que essa ausência não se manifeste com frequência. Mas quem foge, não foge com a sua consciência. Simplesmente atrasou um encontro. Ou seja, o tal pêndulo, chamemos-lhe do ethos, que julgamos não encontrar, está sempre lá. A questão é que nem sempre se manifesta no local onde o esperaríamos.

terça-feira, 17 de maio de 2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Em trânsito

O homem foge da sua sombra anterior para a sua luz futura.

Aforismos, Teixeira de Pascoaes, selecção e organização de Mário Cesariny  

O bolo de aniversário do gajo


Maio

- O que perguntas exactamente?
- Não sei…é algo que se situa além das palavras…
- Ao alcance dos gestos…mas são precisamente os gestos que estão fora do meu alcance…
- Isso diz tudo sobre nós…
- Realmente pensas isso?
- Não, sabes que não.
- Eu sei que deveria jurar-te que posso encher de realidade os sonhos, mas não posso.
- Eu sei…
- Devia dizer que quero que sejas feliz…que por isso me afasto…mas esta conversa desmentiria isso…
- E o que queres?
- Um sonho impossível.
- Bom, ou uma coisa ou outra...
- E que tal as duas?
- Pára de falar assim…

A Love Story

O prémio

Manuel António Pina acaba de ser galardoado com o prémio Camões. Uma distinção que premeia um percurso e uma obra. Obra essa que praticamente desconheço, é bom dizer. A não ser alguns poemas lidos em sessões públicas a que assisti e algumas crónicas dispersas. Por outro lado, há alguns anos, decorreu, no Auditório Municipal do Sabugal, uma memorável sessão onde o escritor foi homenageado. E na qual tive a felicidade de estar presente. Sobretudo graças à notável intervenção do autor. Que aí demonstrou duas das qualidades que mais aprecio, seja onde for: a simplicidade e o sentido de humor. Como referi mais atrás, qualquer galardão distingue uma obra e uma personalidade. Ora, sabendo-se que Manuel António Pina é originário do distrito da Guarda, tanto melhor para quem nele vive ou a ele está ligado.

Stalker

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O país explicado às criancinhas e lembrado ao povo

Para se perceber o estado da Nação, tudo menos ouvir as pomposas justificações da classe política. Ou da sua parte mais significativa. O melhor é começar por ver e ouvir com atenção este vídeo. Chama-se Postroika. Precisamente. De seguida, recomendo uma visita à página respectiva no Facebook. Divirtam-se! Divirtam-se??? Desculpem, ando numa fase de humor negro.

A tal aldeia

Ultimamente, tenho-me colocado sem dificuldade fora da possibilidade da notícia. Tal como Álvaro de Campos em relação ao soco. Jornais, nem cheirá-los. A não ser os de distribuição gratuita. Que por serem uma relativa novidade para quem vive na chamada província, despertam imediatamente a curiosidade. Televisão, só para ver filmes de acção e do Bergman. Quanto aos blogues, tela nocent levius, visa venire prius, ou seja, homem prevenido vale por dois. Com excepções, é claro. É este o sagrado recato primaveril do meu contentamento, o apogeu da descoberta, o lugar do encontro com o que há-de vir. De tal forma que, hoje, ao comprar o jornal, invadiu-me um secreto terror ao antecipar o que lá iria encontrar. Até já, como se ouve nos reclames...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Stalker

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O epílogo

Logo após a captura e execução de Bin Laden, no domingo, surgiram as inevitáveis vozes cépticas, portadoras das proverbiais teorias da conspiração. "Afinal não há provas", dizem. "Porque é que mandaram o corpo ao mar?". "Onde estão as fotos?". Pérolas de sabedoria bisonha, própria de um país que ainda olha para uma realidade dinâmica como os camponeses das berças encaravam os comboios do fontismo. Mas reveladoras também do último refúgio sagrado do mofo esquerdista: o anti americanismo de pacotilha. Um tema mais do que gasto e sobre o qual já neste blogue tomei posição repetidamente. Mas não é um debate teórico que me traz aqui hoje. É a evidência da debilidade de que padecem as preocupações probatórias dos arautos da conspiração. No fundo, os mesmos que negam a autoria e ligação do jihadismo aos acontecimentos do 11 de Setembro. Segundo eles, provocados pelos próprios americanos!!!... Mas voltemos a Bin Laden. Será que alguém, no seu perfeito juízo, acredita que Obama, ao ter anunciado oficialmente a captura, o teria feito graças a a uma vaga informação dos serviços secretos? Então quem precisa que as sondagens subam, como de pão para a boca, arriscaria tudo num lance sem certezas conclusivas e irrefutáveis? Será que os cépticos pensam mesmo que a caça a Bin Laden foi efectuada por meia dúzia de amadores e curiosos, que depois telefonaram para a casa Branca, pela rede fixa, a anunciar o troféu? Em que planeta vive esta gente? É que os acontecimentos estão com certeza exaustivamente documentados, registados, analisados, fotografados.  O timing da sua divulgação é que não é exactamente o que o público e os media gostariam. Razões? Só vejo uma: para além de não brincar em serviço, desta vez a CIA aprendeu com os erros do passado. Ou seja, nada de imagens mostrando um mártir ou pré mártir a ser humilhado pelos infiéis, como aconteceu com Saddam. Nada de registos que suscitem a piedosa compaixão de algumas vozes no Ocidente, que clamam um fair trial para o rosto do mal. As provas virão, é claro. Mas a seu tempo. Como uma certeza científica tão sólida quanto discreta. Afinal, Bin Laden não foi derrotado pelos americanos nem pelo Ocidente, nem pela retórica anti fundamentalista... A sua estrela apagou-se de vez em plena praça Al-tahrir, no Cairo. Ou seja, o epicentro da primavera democrática no mundo islâmico.