sábado, 31 de janeiro de 2009
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
As obras de Santa Engrácia
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Morte na hora
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
É já no dia 2
R: Verdade verdadinha! Dois no buraco e um na pinha!
P: Há quem diga que este blogue é uma ilha. Concordas?
R: A ilha da Utopia? Quem é que não queria? Lá dizia o bom Tomás: uma mão à frente e outra atrás!
P: E como é possível não teres ainda comentado o caso Freeport?
R: Ora!!! Então o José não é engenheiro? Que mal lhe queria um simples sobreiro? Mais 15 mil no desemprego, isso é que me faz desassossego!
P: Achas que os blogues estão em declínio?
R: De tempos em tempos, em dolorosa espera arrumam a blogosfera, porém, mais certo seria espetá-la na estratosfera!
P: Quais os grandes momentos deste último ano no "Boca de Incêndio"?
R: Ora deixa cá ver!: algumas polémicas, muitas sugestões, mais crónicas, 5 ataques beras, 10 rubricas no activo: "stalker", "preces atendidas", "playlist da casa", "momentos zen", "série gajo", "u qui diz mulelo", "graffittis", "tábua de marés", "crimes exemplares" e "paperbacks", mais uma a iniciar em breve: "aqui há livro", mais amigos, mais seguidores, mais leitores, mais nomeações, menos pachorra para o Daniel Oliveira e outros comentadores da praça, como para certos políticos locais e nacionais, mais poesia mais poesia mais poesia, menos tosse, mais fogo e menos fumo.
P: E vai ser este ano que começas a pôr gajas nuas para aumentar as audiências?
R: Sabes que mais, ó reles provocador, um fino latinório te vou contrapôr: Grandia cum minimis mors ferit ense pari (Tanto morre o papa, como quem não tem capa)...
domingo, 25 de janeiro de 2009
Tábua de marés (24)
António Carmo (http://www.antoniocarmo.com.pt)
Exposição de pintura
Galeria do Paço da Cultura da Guarda
de 13 de Janeiro a 28 de Fevereiro
António Carmo (n. 1949), é um nome consagrado no panorama artístico nacional. Não tanto pela inovação artística, mas por uma originalidade estética mantida ao longo de 40 anos de carreira. A propósito, foi recentemente editada uma retrospectiva da sua obra, sob a chancela da Caminho, que inclui grande parte dos seus quadros, com fotos e alguns textos. Nesta mostra são expostos cerca de 40 trabalhos seus, incluindo dois desenhos. Como informação complementar, existem quatro expositores com recortes de jornais e dois com exemplares de catálogos de exposições do autor. Percebe-se, à primeira vista que a sua pintura tem um pendor decorativo. E a homogeneidade das suas propostas, se por um lado acentua a singularidade do seu universo poético poética recorrente, onde abundam as citações e as referências, pode também indiciar uma espécie de “produção em série”. Por outro lado, conhecendo-se os desenhos a tinta-da-china com que iniciou a sua obra, não é difícil desvendar um propósito ilustrativo que o veio a acompanhar até aos trabalhos mais recentes. Todavia, se esse objectivo faz todo o sentido nos desenhos, já não faz assim tanto nas pinturas a óleo que constituem o grosso da sua obra. Percorrendo-se a exposição, ganha consistência a ideia de que, pese embora o equilíbrio cromático e a semi-transparência das texturas assegurarem o tom inefável pretendido, o artista acabou por se tornar um repetidor de processos. Para o efeito recorrendo a técnicas pictóricas que, tendo dado frutos a partir de certa altura, acabam por se tornar automatismos que o artista tem sabido gerir com sucesso. Das obras exibidas, gostaria de destacar, na pintura, o díptico “Leitura” e Movimento”, “Movimento”, o tríptico “Destinos do Fado” I, II e III, “Memória”, bem como os dois únicos desenhos expostos. Nota negativa para alguns títulos que, à força de querer ser poéticos, se tornaram rebuscados e ainda por algumas citações pictóricas um pouco descontextualizadas, como a inclusão de um cão “de Velásquez” num dos quadros.
Publicado no jornal "O Interior", em 22 de Janeiro
Tábua de marés (23)
Argumento e realização: Hal Hartley
Duração: 118 m
Apresentação: Cineclube da Guarda
Pequeno Auditório do TMG, 14 de Janeiro
Desde que assisti a “Uma Questão de Confiança” (1990), a segunda longa-metragem de Hartley, percebi que estava na presença de um dos realizadores mais interessantes do cinema independente americano. O filme em análise é basicamente uma comédia de acasos, no tom desconcertante a que o autor habituou o seu público. Desta vez alcança um pendor político, satirizando os filmes de espionagem. Neste sentido, observa uma regra de ouro do género, isto é, deve-se dar importância a tudo, porque tudo pode e deve ser decifrado. A obra constitui a continuação de uma comédia anterior, “As Confissões de Henry Fool” (1997), que consagrou o autor no panorama do cinema alternativo. Porém, inicia uma história independente que apenas faz alusão ao passado das personagens no anterior filme. Em Fay Grim, Hartley é também autor do argumento e da banda sonora – omnipresente ao longo do filme, de tal forma que parece ser mais um personagem. Em relação à linguagem, permanece como uma espécie de neo-godardiano, sobretudo nos diálogos. E utiliza, de forma quase exclusiva, as tomadas pelo chamado ângulo oblíquo, que dá uma maior amplitude à fotografia. Observem-se, por exemplo, as cenas de aeroporto e a da saída das personagens do Ministério do Interior, em Paris. Mas é também aqui que o estilo de Hartley se revela inconfundível: uma história entrelaçada com várias outras, personagens nervosas e que falam muito rapidamente, muita coisa a acontecer em simultâneo. Com a utilização de um humor muito inteligente e um constante tom irónico, o filme troça dos filmes de espionagem e conspiração internacional a que estamos habituados no cinema americano, num ritmo da realização estonteante. Peca pela sua duração (quase 2 horas), porque muito do que foi dito e feito podia ter sido tratado em menos tempo. A história é a de Fay Grim (Parker Posey), mãe solteira, de Queens, Nova York. Preocupada com a educação do filho, Ned Grim (Liam Aiken), de 14 anos, Fay acredita que o desaparecimento do pai, Henry Fool (Thomas Jay Ryan), após ter cometido um assassínio, pode influenciar o filho no sentido da marginalidade. No seu lugar quer ver o seu irmão, Simon Grim (James Urbanak), poeta prestigiado. Só que este encontra-se a cumprir pena, por haver auxiliado a fuga de Fool. Ned, por sua vez, acaba de ser expulso da escola, por ter mostrado aos colegas um brinquedo (do tipo caleidoscópio), com imagens pornográficas. Ao voltar a casa, Fay é interpelada por dois agentes da CIA, que a aguardavam. Um deles, Fulbright, diz que os cadernos manuscritos deixados por Fool, em poder do governo francês, continham segredos de Estado codificados, que lhe pedem para resgatar. Fay concorda, desde que a CIA liberte o seu irmão, para cuidar do filho. Ao ser solto, porém, Simon verifica que, por trás das figuras mostradas no brinquedo de Ned, havia uma inscrição, num idioma desconhecido. E começa aqui a saga, com encontros e enigmas apropriados ao género. À medida que a trama se desenrola, Fay avança em busca dos tais cadernos, mas compreende que jamais soubera nada sobre a vida que levava Henry Fool. Por sua vez o espectador percebe aos poucos que o perfil que se vai desenhando deste, pelos extraordinários comentários que se ouvem dele, cada vez mais o aproximam, em semelhança de atitude, de Robert Baert, ex-agente da CIA, protagonista de “Syriana”, de Stephen Gaghen, um dos melhores filmes políticos americanos mais recentes. Os actores são quase todos “reincidentes” de outras películas de Hartley. E apresentam, no conjunto, um trabalho primoroso de interpretação, com destaque, naturalmente, para Parker Posey.
Publicado no jornal "O Interior", em 22 de Janeiro
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Violência doméstica
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
O cluster
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
O dia 0
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
O malhor do mundo em descurço direto
1. sabia de entre mão
2. é legitimidade pensarem
3. as drogas não é bom
4. eu até considero um condutor bom, na minha opinião
5. não é só eu
6. admiro muito eles
7. para quem saba bem do que estou a falar.
...and soi on and soi on (incluindo a sovaqueira húmida)
Eu vi um sapo
A mula
domingo, 18 de janeiro de 2009
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Tábua de marés (22)
Pequeno Auditório do TMG, 19 de Dezembro
Assisti a um concerto desta banda há uns dez anos, na Feira de S. Mateus, em Viseu, cuja sonoridade me impressionou. Estava pois deveras curioso deste reencontro, cujo mote foi a apresentação do seu mais recente álbum, “Lusitânia Playboys”. Segundo Tó Trips, "Talvez seja o disco mais barroco e ao mesmo tempo o mais experimental, no sentido de termos posto cordas, trompetes, e os convidados influenciaram mais no resultado final”. Nesta gravação, participaram como músicos convidados Nuno Rafael, Carlos Bica, Alexandre Frazão, Ana Quintans, Kid Congo Powers e Howie Gelb, o mentor da banda. "Lusitânia Playboys" é o terceiro longa-duração do grupo. A dupla criadora voltam a liderar este ramo singular do turismo imaginário. Possuem para oferta, nas 15 faixas que compõem o álbum, convidados de luxo que funcionam como hotéis e spas de luxo, aumentando a qualidade da estadia em cada música/ país/ local. Todo este mundo das viagens pode e deve ser revisitado constantemente. Deve, porque são destinos em constante mutação. Diferentes a cada viagem, diferentes a cada disposição do ouvinte. Variam conforme o sentimento que nos assola, não depende de climas e épocas altas ou baixas. Está entregue ao momento egoísta que cada escolhe para o usufruir. É ele que vai determinar a sensação como vivemos cada deslocação para outro mundo. Os Dead Combo são um projecto que se assume, cada vez mais, com maior potencial no actual panorama da música portuguesa. Plasmado em mais um notável espectáculo no TMG.
Tábua de marés (21)
Realização: Jia Zhang-Ke
China/Hong Kong, 2006
Pequeno Auditório do TMG, 3 de dezembro
Testemunhas de um ambiente pré-Tiananmen, grande parte dos novos realizadores chineses só começaram a filmar depois de 1989. Ao contrário do que se chama a 5ª Geração de cinema chinês que, como Zhang Yimou, viveram a Revolução Cultural, o novo grupo, a que já se chamou 6ª Geração, nasceu num país com outros horizontes.
Nos últimos anos, depois da presença em vários festivais, Jia Zhangke começou a poder ver os filmes exibidos no seu país, embora o maior mercado seja o da pirataria, algo que o realizador inclusive usa com ironia num dos seus filmes – “Prazeres Desconhecidos” – onde um personagem pergunta a outro que filmes tem para vender e refere várias das obras de Jia Zhangke. Mas se o filme sobre a Barragem das Três Gargantas – “Natureza Morta” – e outro sobre os trabalhadores de um parque temático de Pequim – “O Mundo” – já entraram no que oficialmente se chama a produção chinesa, Jia Zhangke continua a ter filmes banidos no seu país. “Prazeres Desconhecidos” (2002) é apenas um deles, a que se junta “Pickpocket” (1998) e “Plataforma” (2000). Embora o seu nome seja mais conhecido na China, e o facto de já ter sido premiado duas vezes na Festival de Veneza – primeiro com “Natureza Morta” que recebeu o Leão de Ouro em 2006 e este ano com “Useless”- entre muitas outras distinções, como por exemplo no Indie Lisboa/2004, sejam factores a ajudar à sua divulgação nos meios de comunicação chineses, o realizador não colhe a unanimidade no seu país.. Uma parte do público considera os seus filmes aborrecidos e a falta de marketing leva a que a questão de deslocar milhões de pessoas das Três Gargantas não seja um tema fácil de comercializar no país. Como nos anteriores filmes de Zhang Ke Jia, é mais uma vez a força da brisa sobre a realidade que serve de mote aos eventos. Assistimos a duas histórias diferentes de estranhos que chegam a uma terra desoladora, desconhecedores de que a construção de uma barragem submergiu a cidade e por conseguinte as moradas que vinham visitar. Um mineiro procura a mulher e a filha que não vê há dezasseis anos, e uma jovem esposa vem em busca do marido que não regressa há dois anos. Estas duas histórias fundem-se com o cenário de miséria reinante, cheio de pequenos vigaristas, corrupções, os realojamentos sumários e as diárias demolições dos prédios que serão submersos na fase seguinte da barragem, demolições essas que se fazem à custa de braços e picaretas, sem a ajuda de qualquer maquinaria pesada, a qual é inexistente. As dificuldades são apresentadas com uma poesia desarmante, numa simplicidade igual à da água e uma brutalidade como a do cimento. Há quem consiga o que quer e quem volte de mãos a abanar, mas o cinéfilo sai do cinema com uma visão mais abrangente, de uma China que continua a funcionar a um ritmo diferente, com uma cultura que resiste ao tempo e a inovações. A esperança é abalada, mas pelo menos há uma barragem em construção, sinal de um progresso que tem de começar por algum lado. Sendo o preço a perda de identidade. Aqui o símbolo do confronto é a antiga cidade de Fengjie, prestes a ser erradicada do mapa e submersa pela imensa barragem no vale das Três Gargantas. Esta povoação torna-se então o ponto de encontro de estranhos que vão para lá procurar um lugar nos trabalhos de demolição. Mas os protagonistas do filme, um homem que vai em busca da sua mulher e da filha e uma mulher do seu marido, ambos provenientes de uma província rural da China. Apesar da similitude das suas peregrinações, eles nunca se cruzam. Mas ambos representam o elemento familiar, espelhado no carácter doméstico dos capítulos, de uma cidade quase alienígena, onde até existe lugar para discos voadores. A paisagem desoladora do cimento e vigas expostas contrasta com a honestidade emocional das personagens, que acabam por ser destituídas pelos fantasmas dos edifícios, atrozes transfiguradores da viagem de purificação em que inconscientemente enveredaram. Existe um sentimento próximo de um romantismo auto-destrutivo na maneira como Jia Zhang-Ke filma os cenários devastados da cidade em ruínas, como um prelúdio obrigatório para o que virá a seguir. Em Shijie (O Mundo), o realizador falhou em transmitir no final a mensagem a que se propôs, a de uma China que tenta forçosamente agarrar um lugar no mundo do séc. XXI, mas ignorando a riqueza da sua própria cultura. Aqui fá-lo com a contenção arrebatada de um lamento e de um derradeiro sussurro de socorro.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Playlist da casa (16)
Sting explora o universo musical de John Dowland, compositor inglês que viveu entre 1563 e 1626. Edin Karamozov, músico bósnio, acompanha ao alaúde. O cantor intercala as composições musicais com a leitura de cartas de Dowland. O que transporta o ouvinte até à epoca renascentista em que este viveu. A edição especial inclui também material extra, com versões alternativas e guias de audição para algumas faixas. Sir Robert Cecil, o destinatário das cartas, foi 1º Conde de Salisbúria e membro das cortes de Isabel I e Jaime I. A minha grande descoberta musical do ano que passou.
Ver anterior
Balanxo 2008
domingo, 11 de janeiro de 2009
A resposta
Recordes polares
2. 15 pingentes estalactites no chassis do carro
3. 3 peões seguidos por cima do gelo, ontem à noite, oferecidos por um amigo após o lançamento do livro, com paragem a cerca de um metro do muro.
4. 1 congelação de água nas canalizações dentro de casa, durante a noite.
5. 29 escorregadelas entre o restaurante e o TMG, ontem à noite.
Posfácio: a neve está tal e qual como caiu na sexta-feira: cada vez mais cristalina, cada vez mais etérea.
sábado, 10 de janeiro de 2009
"Sou da Guarda"
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
O país por dentro
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
"Eu queria encontrar aqui ainda a terra": o livro
A apresentação será no Sábado, dia 10 de Janeiro, no Café Concerto, pelas 21h30. A entrada é livre. Estão convidados.
Mnemónica
2. Junto a Oliveira do Hospital passei por uma localidade com uma toponímia que decerto não receberia o imprimatur caso passasse pela comissão inquisitorial. Chamava-se: Fonte dos Coitos. Olé! Dá-le!
3. Temperatura mínima recorde deste Inverno, dentro de casa: 2,5º Celsius. Bolas! Se fossem Farenheit sempre era melhorzinho. Mas cá se vai sobrevivendo. Farquê?
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
O prémio
A batalha do Atlântico (2)
"É DE LAMENTAR o comportamento do Governo. Não se sabe por que razão Sócrates e o PS quiseram alterar o estatuto naqueles pontos controversos. As razões óbvias parecem evidentes. Por um lado, os socialistas pretendem delimitar os seus territórios pré-eleitorais e acham que lhes convém um confronto com o Presidente. Por outro, nada mais fizeram do que manter a tradição: são reféns das regiões autónomas e dos seus dirigentes, no que, aliás, são acompanhados por todos os restantes partidos. Mas estas razões, por demasiado óbvias e mesquinhas, não chegam para perceber os seus pontos de vista. O Primeiro-ministro e o Parlamento devem aos cidadãos uma explicação. Não basta dizer que têm pontos de vista diferentes do Presidente, como afirmam os seus porta-vozes subalternos, têm de explicar os fundamentos da sua decisão e as vantagens de tão tosco estatuto."