sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Palavras de que gosto

"Doravante". Um dos advérbios menos utilizados da nossa língua. Uma tremenda injustiça. Pois o termo, para além de uma peculiar musicalidade, resulta provavelmente de uma corruptela, ou seja, uma forma abreviada de "daqui em diante". Uma evolução que não precisou de nenhum "acordo" "ortográfico" ou alarvidade semelhante. Para colmatar a injustiça, sirvo-me dela abundantemente. Especialmente em requerimentos forenses. "Daqui em diante", "daqui para a frente", "futuramente", têm o selo de uma arrogância potestativa, de um furioso dedo em riste. Ao invés, "doravante" soa quase a um recado cúmplice, sem que isso lhe retire a firmeza...

sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal


"It´s a Wonderful Life" (1946), de Frank Capra, com James Stewart e Donna Reed

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A casa (19)

 Sua queda / é o salto da água / congelada no salto: tempo petrificado.

 Não procuram terra: procuram um corpo, / tecem um abraço.

Cai durante anos e anos / em linha recta.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Nivoso


(de 21 de Dezembro a 19 de Janeiro)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A caverna, de novo

O homem foge da sua sombra anterior para a sua luz futura.

Aforismos, Teixeira de Pascoaes, selecção e organização de Mário Cesariny

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Stalker

As portagens (2)

Sob o título "Contra Lisboa, Marchar, Marchar", o último editorial do Jornal "O Interior" (08.12.2011) situa de forma acertada a questão das portagens electrónicas, recentemente activadas nas ex SCUT. O texto pode aqui ser lido na íntegra.

Uma nota, a propósito. É consensual a condenação de como e quando as portagens foram impostas e anunciadas. E do silêncio ensurdecedor dos responsáveis políticos locais. Sobretudo, aquele que veio dos deputados eleitos pelo distrito. Mas, como o director do jornal refere, há que tirar também algumas conclusões sobre a forma como o debate foi conduzido e a contestação foi feita. Neste caso prevaleceu o simples e demagógico "não pagamos". Algo que, embora compreensível, não deveria tomar o lugar da razoabilidade e do bom senso. Sabendo-se até que o pagamento seria inevitável, mais cedo ou mais tarde. Isto é, deveria ter havido uma concertação prévia, cuja ordem de trabalhos passaria pela criação de outras formas de pagamento e da tal tarifa "social" para o interior, a extensão das isenções, etc. A entidade negociadora poderia ser uma uma comissão formada ad hoc por autarcas das regiões envolvidas, agentes económicos e representantes dos utentes. 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Coisas doces


Este é o nirvana possível ao alcance de todos. O verdadeiro Satori na/da beira-Serra. Para combinar as respectivas e excelsas matérias-primas, há quem diga "com". Eu prefiro "e". Na verdade, substituir a preposição pela conjunção redunda num excitante benefício para a degustação semântica. E a papilar, já agora. Tanto mais que se trata de uma preposição... aditiva. Reparem na foto. No aluvião polissacarídeo a escorrer pela alva montanha, até beijar o vale.  Pronto, não é ainda a 8ª maravilha do mundo... Até ser provado pela 1ª vez... Senhoras e senhores, eis o "Requeijão & Doce de Abóbora"!!!

Sarebbe bello vivere una favola - 22

As portagens (1)

Quem circula nas 4 ex SCUT - A22, A23, A24, A25 - já sentiu o impacto nas suas contas bancárias das taxas a pagamento desde 8 do corrente. Mas a história ainda vai a meio. A indignação dos utentes e dos cidadãos residentes nas zonas afectadas não irá parar de crescer. As providências cautelares e as acções de protesto multiplicam-se. O entupimento das alternativas (que em rigor não o são em grande parte do percurso, onde o traçado das auto-estradas coincide com o das antigas IP), a confusão total nas fronteiras e postos de venda, a forma vergonhosa como o pós pagamento é feito (nos correios e nos 2 ou 3 pay shops existentes), sem a possibilidade de ser efectuado por MB, mediante referência obtida online, o caos no pagamento de viaturas estrangeiras, são tudo indícios de um autêntica extorsão aos cidadãos/utentes e uma ignomínia para quem nisto consentiu. Até porque não houve nenhum tipo de debate público sério sobre o tema. E muito menos houve qualquer responsabilização política ou criminal dos responsáveis por esta trapalhada. E há razões mais do que suficientes para isso. Como se sabe, as portagens resultam de uma negociação mal feita entre o Estado e as concessionárias. Que culminou na alteração do contrato de concessão, em finais de 2009, quando era Secretário de Estado da tutela Paulo Campos. O mesmo que, sem pestanejar, foi eleito no ano seguinte deputado pelo PS no círculo da Guarda. O objectivo da parceria è óbvio: abrir o caminho para a Ascendi & Cia começar a facturar, rapidamente e em força. E quem iria pagar a conta? Os cidadãos e empresas das zonas mais debilitadas do país, naturalmente. O ponto mais fascinante das alterações produzidas diz respeito à fixação de uma "compensação", a ser paga pelo Estado às concessionárias. Uma espécie de quota de disponibilidade, no valor de vários milhões por ano, liquidada mesmo que nenhum veículo passe pelas "SCUT". O caso é grave e configura vários tipo de ilícito. Nomeadamente participação económica em negócio e administração danosa. O Ministério Público já deveria ter aberto um ou vários inquéritos aos governantes e deputados da Comissão respectiva que negociaram as alterações ao contrato de concessão. Até porque alguns deles tinham interesse directo no negócio, como é sabido...

domingo, 11 de dezembro de 2011

O gajo armado em frankenstein

A mulher objecto

Chama-se "Moeda de Troika". É um programa que passa na RTP I aos domingos à noite. Os convivas são o Herman, a Rita Ferro e uma barbie patetita, tanto quanto sei ligada à moda, mas cujo nome ignoro. Os primeiros fazem as despesas da conversa e marcam o ritmo do programa. Nota-se que ignoram militantemente a terceira. Que de vez em quando "entra" na conversa. E como? Emitindo inanidades diversas, umas vezes repetindo o que ouve, outras fazendo comentários à propos. Num registo de jovialidade esforçada, cujo trade off com algum vestígio de inteligência é mais do que remoto. E faz isto enquanto mexe as pestanas falsas e abana discretamente o decote. Ou seja, Herman e Rita "fazem" o programa. A nossa barbie decora-o. Os primeiros, com polidez, fazem de conta que ela não existe. A segunda valida a sua existência com uns esparsos sms vocais. "Escritos" no jargão apropriado.

Stalker

sábado, 3 de dezembro de 2011

Lido

Churchill chorava quando, durante o blitz e sendo aclamado e adorado pela população, visitava as zonas bombardeadas e via as casas destruídas e imaginava o que passariam os east enders pobres e ainda por cima desalojados; Soares, pelo seu lado, fica 'bem disposto' por ter uma manifestação de apoio no aeroporto antes do exílio, indiferente ao facto de os manifestantes serem mimoseados com uma carga policial.

Maria João Marques, no "Cachimbo de Magritte"