quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sonhar é preciso (11)

Quem mandou vir um PEC?

Ora aí está o "subsídio" de férias que os portugueses vão "receber" no segundo semestre do corrente ano da graça. Vai discriminado, como convém. Divirtam-se...

1 - Aumento do IVA
A partir de hoje, a vida fica mais cara para o consumidor. A taxa do IVA passa de 20 para 21% e também aumenta um ponto percentual, nas restantes taxas. A medida foi ontem publicada, em Diário da República, e entra hoje em vigor. Esta medida junta-se assim ao aumento das taxas de IRS, que já se fizeram sentir nos ordenados de Junho.

2 - Derrama de 2,5%
As empresas também não escapam à subida de impostos. As empresas com lucro tributável superior a dois milhões de euros terão de pagar uma derrama extraordinária, de 2,5%, incidente sobre todo o lucro de 2010. Por causa deste reforço, as empresas terão de fazer um reforço do pagamento especial por conta.
3 - Transportes mais caros
Além dos aumentos dos impostos, os portugueses terão ainda de enfrentar maiores gastos com transportes públicos, já que a generalidade do sector terá um aumento médio de 1,2%. O aumento aplica-se aos transportes urbanos de Lisboa e do Porto, transportes colectivos rodoviários e ferroviários interurbanos de passageiros até 50km e aos fluviais na área de Lisboa.
4 - Preço do gás sobe
A partir de hoje as tarifas do gás natural sobem 3,2% em termos médios a nível nacional, de acordo com a proposta inicial da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).
5 - Fim dos apoios sociais
Muitas das medidas extraordinárias de apoio ao emprego que o Governo tinha anunciado, deixam de existir a partir de hoje. Entre elas, a redução de três pontos percentuais dos descontos para a Segurança Social para as empresas com trabalhadores com mais de 45 anos.
6 - Subsídio de desemprego
As regras do subsídio de desemprego ficam mais apertadas a partir de hoje para os futuros desempregados: o tecto para a prestação passa a ser de 75% da remuneração e não de 100% como era até aqui.

Fonte: "Diário económico"

Stalker

Ser grande é assim...

O Benfica é o sexto clube com mais jogadores presentes nos quartos-de-final do Mundial 2010. A equipa campeã nacional só é ultrapassada no ranking pelos titãs do costume: Barcelona, Bayern Munique, Real Madrid, Inter Milão e Liverpool. Alguma pergunta?

terça-feira, 29 de junho de 2010

A anedota

"Não há na Europa melhor Justiça que a portuguesa". Palavras do PGR Pinto Monteiro, ontem na Maia, onde assinou um protocolo de colaboração entre a Procuradoria-Geral da República e o Instituto Superior da cidade, no âmbito de um curso de criminologia. Se conseguirem não rir à gargalhada, conto outra.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A birra do morto

As grandes questões nacionais - o défice público e o desemprego - deixaram de repente de o ser. Segundo os zelotas da boa consciência esquerdista descendentes do séc. XIX, o grande problema do país passou a ser... a ausência de Cavaco Silva na cerimónia fúnebre de Saramago. Os representantes do bom povo de esquerda, desde Barroso a Alegre, passando por aquele deputado gordo do BE pelo Porto cujo nome me escapa, já vieram excomungar o Presidente, munidos da respectiva Bula. Ao festim das virgens ofendidas juntaram-se uns patuscos exilados, com pronúncia esquisita e sabor sul-americano, que ouvi ontem na Antena 1. Onde pontificam num programa de opinião e tresandam a reaccionarismo dito revolucionário, imagem de marca dos anciãos compagnons de route. Desta forma agradecendo a hospitalidade de um país que os recebeu insultando os seus órgãos de soberania. Pois bem, Cavaco não foi e fez bem. Enviou o Chefe da Casa Civil em seu lugar e uma mensagem para ser lida na cerimónia. Que mais poderia fazer? Ir e ser chamado de hipócrita? Não era um funeral de Estado, pois não? Mas cedo os cry babies do costume conseguiram transformá-lo  numa manifestação velada e numa prova de força destinada a criar um facto político inócuo. Que nada honra a memória do próprio Saramago. Acontece que é de fait divers destes que andamos precisamente mais necessitados... Sabem que mais? Quanto mais olho para esta merda mais saudades tenho do Luiz Pacheco...

Está explicado o mistério das vuvuzelas...

Quando estamos sós com tudo o que amamos

"Só existe uma solidão. É grande e difícil de suportar. E quase todos nós conhecemos horas em que de bom grado a cederíamos a troco de qualquer convivência, por muito trivial e mesquinha que fosse; até pela simples ilusão de uma pequena coincidência com qualquer outro ser, mesmo com o primeiro que aparecesse, ainda que assim resultasse talvez menos digno. Mas acaso sejam estas, precisamente, as horas em que a solidão cresce – pois o seu desenvolvimento é doloroso como o crescimento das crianças e triste como o início da Primavera – ela, sem embargo, não deve desconcertá-lo, pois o único que, por certo, nos faz falta é isto: Solidão, grande e íntima solidão. Mergulhar em si mesmo e, durante horas e horas, não encontrar ninguém…Isto é o que importa conseguir. Estarmos sós, como estivemos sós quando éramos crianças, enquanto á nossa volta andavam os grandes de um lado para o outro, enredados em coisas que pareciam importantes e grandes, só porque eles se mostravam muito atarefados, e porque nós não entendíamos nada dos seus afazeres."

Rilke, Cartas a Um Jovem Poeta

quarta-feira, 23 de junho de 2010

As cenas do gajo na praia dos Alteirinhos

Na morte de Saramago

José Saramago era um escritor do meu país. Muitos portugueses o leram e ouviram cuidadosamente. Mas Saramago rebelou-se contra o país em que eu e ele nascemos. Achou que o país Portugal era uma parte de um país maior, em que a Espanha era a outra parte. Mas eu e ele nascemos num outro país de que todas as partes são parte integrante: a Morte. Somos todos cidadãos desse Estado, que sempre cobra o seu imposto.
Saramago não era um homem da «Paz e Amor». Esse é um outro país que muitos visitam, e aonde todos querem voltar, sem ter que atravessar a fronteira. A sua última novela chamou-se «Caim». Já muito se disse sobre ela. Caim vem do verbo hebraico «qanah», ou seja, adquirir, obter. Saramago obteve muita coisa na vida, nomeadamente fama, glória, reconhecimento e foi o primeiro Prémio Nobel da Literatura do meu país, que vai de Portugal ao Brasil, de Moçambique a Timor, e de Cabinda a Macau. Saramago não recebeu só isso: como muitos dos seus colegas, tal qual Camões, Fernando Pessoa ou Camilo Castelo Branco, ele recebeu o salário da Inveja, do desprezo, da perseguição. Ao contrário deles, venceu grande parte dessas feras e pôde viver em paz, ao lado de alguém que o amava. Esse foi o seu verdadeiro prémio Nobel e graças a Deus que há muitos premiados desse Nobel, pelo Mundo fora.
Mas Saramago preparava um outro romance, esse certamente bem interessante, em que se interrogava porque é que as fábricas de armamento nunca têm greves. Embora essa suposição não seja inteiramente correcta, a verdade é que Saramago vinha confrontar-nos com esse outro cais de chegada ao Estado acima citado, do qual, ele e eu somos súbditos: a Morte. A indústria da Morte, ou seja a produção e criação da destruição e do aniquilamento. É como se a Humanidade, possuída dum repente de mau génio, de menino malcriado, preferisse deitar as bolachas de chocolate ao chão, pisá-las, borrar-se toda com elas, em vez de as comer. Até o mau jeito e a perversão constituírem uma segunda natureza. E o espelho enfeitiçado nos diz, todos os dias, que o feio é belo e que o mal é livre.
Por isso, José Saramago escolhera esse apelido de uma erva amarga a qual cresce nas montanhas portuguesas. Saramago tinha, desde sempre, um travo amargo na boca e – ao contrário de muita gente – decidiu reter esse travo e expeli-lo, em vez de o engolir. Outras pessoas, amarguradas pela mesma persistência do travo amargo, reconheceram-se comensais desse prato amargo que nos obrigaram a comer, ouvindo «tem de ser» ou «sempre foi assim», «come e cala» e, com ele, Saramago, passaram a virar a mesa ao contrário, a cada sopa de amargor servida aos pobres.
Esperemos por outros tempos que virão, em que não nos teremos que levantar do chão (relembrando uma bonita novela de José Saramago) como quem contraria a força da gravidade, a mesma força da gravidade de Newton, que em vez de fazer tudo cair, faz os planetas e as estrelas rodarem em torno uns dos outros, numa harmonia que nos dá vontade de cantar.
Tempos melhores, onde pessoas como José Saramago não tenham que lutar contra tantas adversidades para verem reconhecido o seu valor, e tenham outros obstáculos além da inveja e da má-consciência. A vaidade é um triste pecado, sobretudo para aqueles que se marimbam tanto, que nem piedade têm, e estouram como bombas de Carnaval quando a impiedade lhes bate à porta. Mas o rancor é como um cão tresloucado que ladra contra o próprio eco. Entre a vaidade e o rancor há uma outra cegueira que Saramago não abordou no seu Tratado.
Camões morreu dizendo (e sabe lá Deus o que ele fez para o conseguir) que «morria na Pátria e morria com ela».
Saramago morreu fora da Pátria que eu sei que ele respeitava, lá no fundo do coração. Houve Portugueses irmãos de espanhóis, amores felizes sobre a fronteira ibérica, caídos portugueses pelas causas de Espanha e caídos espanhóis pelas causas de Portugal. Mas cada Nação tem a sua cruz, cruz de pedra que floresce em rosas quando a Primavera chega, como dois irmãos deserdados que partem, um para Poente, outro para Nascente.
Espero que a morte de Saramago nos faça a todos, profundamente, pedir-lhe desculpa, por não termos tido a coragem de construir para ele, e para outros como ele, um país sem fronteiras onde não tenhamos de nos levantar do chão, a cada manhã.
André

terça-feira, 22 de junho de 2010

Contra números não há argumentos

Foram conhecidos na semana passada os resultados do exame nacional de acesso ao estágio na Ordem dos Advogados. Não é o escassíssimo número de aprovações o que me traz aqui, mas a proveniência dos candidatos. Assim, dos 33 admitidos, 22 vieram da Faculdade de Direito de Lisboa, 8 da Faculdade de Direito de Coimbra, dois da Universidade Católica e um da Universidade Nova. Nem um das genericamente chamadas "privadas". Mais comentários para quê? FDL só há uma!!!

Stalker

Saramago em alta

As vendas dos livros de José Saramago aumentaram quase dez vezes nos dias seguintes à sua morte, segundo o Diário Económico. Só na Fnac, o aumento andou pelos 800%, lê-se mais à frente na notícia. Será que muitos suspiraram de alívio, sabendo que o ex director do DN não iria escrever mais nenhum livro e decidiram aventurar-se? Talvez. Porém, acredito mais que, muitos cidadãos tenham decidido abrir os cordões à bolsa e arrumar as obras completas do autor de "Objecto Quase" na estante de cerejeira da sala, também comprada há  pouco no IKEA, entre os volumes do Paulo Coelho e os livrinhos de auto-ajuda do Osho. Pela minha parte, vou guardar a sete chaves o exemplar do "Levantado do Chão", (Caminho, 1980, 5ª edição). Por este andar, qualquer dia vai valer o seu peso em ouro num alfarrabista. Para já, continuará a fazer companhia aos restantes volumes da obra de ficção do nobelizado, até "Todos os Nomes". Altura em que decidi: "Já chega de Saramago! O homem já explicou ao que vinha. A partir de agora será mais do mesmo e sem o fulgor da novidade. Como é um defensor nato dos 'oprimidos' e gosta de ir para a tasca falar mal da 'padralhada', qualquer dia ganhará o Nobel." Dito e feito!...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sonhar é preciso (9)

Da vida dos insectos

Tenham medo! Andam por aí uns "intelectuais ateus" a cirandar pelo Facebook e blogosfera, galvanizados com as intervenções anti-clericais e cripto-teológicas do autor de "Levantado do Chão". Que muito em breve se transformará em S. Saramago, cumprindo a hagiografia particular dos comunistas e capelinhas afins.
A rapaziada oficiante até parece engasgada com tamanha excitação idolátrica! Calma, pessoal! Bebam água! Simples, claro. Nada de bentices nem bentunços! A malta é ateia! Todavia, tamanho frenesim, observado à lupa, revelará um microcosmo surpreendente para tanta euforia: o ressentimentozinho social, a arrogância dos pequenos e médios aspirantes a pensadores, a faustosa ignorância, a pequenez engraçadista, a incapacidade de ser compassivo,  de entender os outros... No meio de tudo isto, não me surpreenderia se lá encontrasse simplesmente tédio...

domingo, 20 de junho de 2010

Messidor

 19 de Junho a 18 de Julho

sábado, 19 de junho de 2010

A hora da verdade

Saramago, o antigo aparatchik, distinguido no capítulo dos saneamentos políticos no DN durante o Verão Quente de 75, anda a fazer pela vida. Desta vez, lançou uns mind games promocionais, assim mais teosóficos, acerca do Antigo Testamento. Logo transformados no centro do debate na esquálida "praça pública" da Nação. Afinal, o homem não disse mais do que outros já disseram sobre o tema. Só que se trata de um nobelizado, um intelectual "progressista", apreciado por muita gente com a escolaridade obrigatória. No entanto, Saramago é talvez o maior equívoco da literatura nacional do séc. XX. Escreve bem, o que é discutível, mas nunca foi um bom escritor. Vale mais uma só obra de José Cardoso Pires do que toda a sua litania prosélita, que alguns confundem com literatura. Como cidadão, a arrogância e o ressentimento social precedem-no à légua. Porém, a sua prestação mediática é-me absolutamente indiferente. Entretanto, a criatura lá vai parindo uns volumes, tentando imitar os sul americanos. Desta vez, para aumentar as vendas de "Caim", nada como uns bons soundbites, em registo agitprop. Um tique que lhe ficou dos tempos leninistas. Mas cuja eficácia, em termos de marketing, tem chegado e sobrado. Portanto, temos um escritor medíocre, esganiçando-se na tasca a dizer "mal da padralhada". Ou seja, um pregão tonitruante que anuncia os seus serviços... Esquecendo-se que barafustar "contra a padralhada" é uma espécie de socialismo para idiotas.
Nota: escrevi este texto há uns meses atrás, na altura em que o escritor lançou a sua última polémica e o  seu último livro. Nunca apreciei a criatura nem os da sua laia. Porém, ao contrário de muitos, que agora lhe tecem loas na  hora da morte, retomo a opinião de sempre. Mas saberei naturalmente respeitar a sua memória e dimensão.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Stalker

Momentos Zen - 59

Só encontrará a sua vida aquele que a perdeu.


Ver anterior

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sonhar é preciso (8)

Bricolage surreal

Caros(as) amigos(as), a vida é cheia de surpresas. Esqueçam o "querido, mudei a casa!" O modelo está esgotado... Até mesmo se a frase for levada à letra. O que, conforme demonstram alguns programas do Discovery Channel, nem é difícil, desde que apareçam as roldanas e os dispositivos rolantes apropriados. Segredos bem conhecidos dos antigos egípcios, é sabido. Sobretudo quando deslocavam blocos de pedra maciços, com várias toneladas, dos barcos para os locais de construção, a vários quilómetros de distância. E não consta que os faraós fossem grandes apreciadores de decoração instantânea. Por outro lado, o mito urbano do canalizador polaco já teve melhores dias. Argumentos non sequitur, já vos oiço dizer. Peço-vos um pouco de paciência, caros(as) leitores(as). O episódio que vos quero relatar é de tal forma absurdo que nem o Mc Gyver algum dia sonhou deparar-se com ele. E muito menos resolve-lo. O caso é que, anteontem, ao dar conta do estado de funcionamento de um apartamento que me foi entregue, verifiquei que o reservatório do autoclismo não vedava. Pelo que a água não parava de escorrer. De imediato, desmontei a tampa do depósito, do género incrustado na parede. Não demorei a perceber que a borracha, no fundo, embatia num objecto metálico, impedindo assim que estancasse a água. Fechei a torneira geral e voltei pouco depois, munido de uma generosa caixa de ferramenta, um pequeno espelho e uma pilha. Comecei por desmontar o mecanismo fixo, que acciona o tubo de plástico com a borracha ao fundo. E cujo movimento de vai vem, como um êmbolo, abre a fecha o fluxo de água descendente. Sem obstáculos, introduzi a pilha na concavidade da parede, com o espelho por cima, a fazer de periscópio. Qual não é o meu espanto quando vislumbrei o que estava no fundo: duas facas! Exactamente, leram bem. Recomposto da surpresa, imaginei logo um plano B. Saí novamente, para ir ao carro buscar uma coluna de som avariada, que tinha substituído no dia anterior. Em seguida, desmantelei-a, afim de extrair o precioso íman. Retirei também um resto de fio eléctrico que ficara ligado à ex-coluna. Com um alicate de corte, perfurei o invólucro de latão que rodeava o íman e nele atei uma ponta do fio. No final, introduzi o íman no reservatório e manobrei o fio que o prendia, por diversas vezes, até sentir cada uma das facas "colada" ao íman. Puxando-a depois cuidadosamente até à abertura. E foi assim que resgatei os dois objectos metálicos. Após o que montei novamente o mecanismo. Tendo verificado então que o dispositivo, desta forma expurgado dos "intrusos", funcionava razoavelmente. 
Conclusão: as coisas valem o que valem, é tudo uma questão de ferramenta.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Auto de fé

A ambição

O poeta é um fingidor. Porque o desencanto nunca é filosófico, mas poético. Porque apenas a poesia é capaz de representar as contradições sem as resolver, compondo-as numa unidade superior, elusiva e musical. Enquanto esse desencanto, ao mesmo tempo que corrige a utopia, moderando o seu pathos profético e finalista, reforça o seu elemento fundamental, a esperança. Pois que a esperança não nasce de uma visão do mundo tranquilizadora e optimista, mas sim da dilaceração da existência. Vivida e sofrida sem véus. Que cria uma irreprimível necessidade de resgate perante o mal. O mal que é simplesmente a radical insensatez com que se apresenta o mundo. A mesma que exige que a perscrutemos em profundidade. O poeta é um fingidor, nada mais. Porque não hesita em denunciar uma ferida profunda que lhe coloca dificuldades na realização plena. Tanto mais que "ambicionar viver é coisa de megalómanos", como escreveu Ibsen. Querendo com isto talvez dizer que só a consciência do árduo e temerário que é aspirar à vida autêntica pode permitir que nos aproximemos dela. Tão completamente que até parece dor a limalha irisada que nos cobre, nesse momento. Como que numa exclamação incontida de glória...

Monk no TMG

Meredith Monk vem à Guarda. Parece um sonho, verdad? Pois bem, o espectáculo será no Grande Auditório do Teatro Municipal, esta quinta-feira, 17 de Junho, pelas 21.30h. Ponham na agenda. Absolutamente imperdível. Para mais informações, ver aqui.

Sonhar é preciso (7)

Calendário da pré-época do SLB

17 Julho / vs. Groningen / Torneio Guimarães

18 Julho / vs. Vitória de Guimarães / Torneio Guimarães

24 Julho / vs. Mónaco / Apresentação aos sócios

27 Julho / vs. Sunderland / Albufeira Cup

31 Julho / vs. Feyenoord / Torneio Guadiana

1 Agosto / vs. Aston Villa / Torneio Guadiana

3 Agosto / vs. Tottenham / Eusébio Cup

O gajo em acção numa praia da Zambujeira

Mais Borges

Una rosa

De las generaciones de las rosas
que en el fondo del tiempo se han perdido
quiero que una se salve del olvido,
una sin marca o signo entre las cosas

que fueron. El destino me depara
este don de nombrar por vez primera
esa flor silenciosa, la postrera
rosa que Milton acercó a su cara,

sin verla. Oh tú bermeja o amarilla
o blanca rosa de un jardín borrado,
deja mágicamente tu pasado

inmemorial y en este verso brilla,
oro, sangre o marfil o tenebrosa
como en sus manos, invisible rosa.


Jorge Luis Borges

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Preces atendidas - 38

Lee Remick (vs. "Wild River", de Elia Kazan)

Viagens na minha terra

Cavaco apelou à Nação para umas feriazinhas caseiras, durante a silly season. O Ministro Vieira da Silva veio logo contrapor que, se todos os chefes de Estado fizessem o mesmo pedido, voltávamos à autarcia global. Posições respeitáveis, ora essa! Mas que todavia só me interessam pelo que revelam nos entrefolhos. Cavaco seguiu a sua intuição particular de olhar para a realidade segundo uma vertente económica. Inatacável na perspectiva do acentuar do défice da balança comercial. Vieira da Silva, por sua vez, quis ser cauteloso. No caso, para espetar uma farpinha no PR, comprando uma mini guerra do alecrim e da manjerona em nome do seu amigalhaço Alegre. Cavaco parece acreditar num esforço patriótico colectivo, que ultrapasse a simples colocação das bandeiras nacionais nas varandas. Quer uma abdicação do hedonismo provinciano que nos caracteriza, na sua área mais sensível: o lazer. Em troca de quê? Da austeridade de um gesto amplo, liberal e magnânimo. Por seu turno, Vieira da Silva não renega a sua tradição esquerdista dos direitos adquiridos. Um desiderato de que a firme recusa na devolução de territórios anexados pela ex União Soviética é a feliz tradução na real politik. O Ministro quis ser mais deste mundo: "aproveitem enquanto há, pois a sopa dos pobres da UE está quase a fechar!" Quis ser modernaço, arauto de uma versão de cosmopolitismo muito querido em certos meios, do tipo esbanjador e auto-complacente. Mas o seu erro foi simultaneamente a virtude de Cavaco. Passo a explicar. O Presidente não ignora que este tipo de apelo é mais fácil e com maiores garantias de êxito, se efectuado em Portugal e em tempo de vacas magras. A grande maioria dos portugueses vai deitar contas à vida e perceber que, nesta matéria, só vai quem pode. E agora, até mesmo fazer de conta que se pode vai custar os olhos da cara. O efeito do pedido foi por isso pouco mais do que placebo. Valeu pela oportunidade política. Por outro lado, se fosse a chanceler Merkl a fazer apelo semelhante aos seus concidadãos, o risco seria bem maior. Os alemães, por norma, acatam um desígnio colectivo de âmbito nacional com maior acuidade do que os portugueses. Pelo que, em meu entender, nada teremos a temer: os cidadãos do norte da Europa continuarão a buscar tranquilamente as paragens cálidas do meio dia para seu veraneio. E os viajantes portugueses, os que não escolhem época nem pedem licença, irão continuar a partir. E porventura a chegar.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sonhar é preciso (6)

Arco voltaico (2)

actualidadesamy winehouseapito finalbandas sonorasbelén ruedabenficaboavista fcchelsea fccinemacinema filmes combustíveisconduçãocorrupção desperate housewivesdes portoensino
amar
futebolepicaespanhaespinhoestágioeuro'2008eurovisãofc portofilmes george lucasgovernogreveharrison fordhomem de ferrohow i met your mother inauguração indiana jones juan antonio
 
é
bayonajustiçalicenciaturaliga dos campeõeslostluiz felipe scolarim. night shyamalanmanchester unitedmarchas popularesmarvel comicsmeteorologiamultamúsicanovas tecnologias da comunicaçãoo acontecimentoo enigma de fermato incrível hulko orfanatoos contemporâneospinto da costaportugal portugueses pragas do mundo
 sexy
modernoqueimaremuneraçõesrockrock in rioroger prínceprui costasaúdescolarisean conneryseason finaleselecção nacionalsériessestasexo e a cidadesitcomssportingsteven spielbergsydney pollacktaça de portugaltele visão tokio hotel trânsitotransporte suefauniversidade valentim loureiro verão

Stalker

Arco voltaico (1)

Quase dez por cento dos portugueses são diabéticos
pensar é sexy

Euro valoriza com subida de juros na Zona Euro

Ciência: Sol deixou de aquecer a Terra

p e n s a r
é
s e x y

Camionista detido em Espanha está em casa
PJ apreende 199 fardos de haxixe em barco de pesca junto à costa vicentina

pensar é sexy

Sonhar é preciso (5)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Há mar e mar...

Keirósz, a conhecida sumidade das palestras futebolísticas, é também notabilizado pela sua empatia zero com o público. Depois da campanha que se sabe, foi indigitado pela FPF para pastorear um grupo excursionista até África do Sul. Com o wrestler Bruno Alves ministrando uns rudimentos de artes marciais e o etíope subalimentado a tentar soletrar a primeira estrofe do hino nacional. Pois o ex número dois de Fergusson acaba de mandar para o ar mais uma suas pérolas estarrecedoras. O ex-futuro campeão de coisa nenhuma declarou que quer ver os jogadores da Federação, grupo também conhecido por Brasil B, a "namorar com a bola" (sic). Ó Karlovac, tino na cabeça, rapazinho! Não é Yeats quem quer! A minha satisfação vai ser quando vierem para casa depois de 3 cabazadas. Então reflectiremos sobre tão magno assunto poético-futebolístico...