sexta-feira, 30 de abril de 2010

Lido

Vamos todos pagar por isto. Mas o que é isso para a incapacidade do primeiro-ministro em lidar com, em reconhecer a realidade? O que é isso para a pulsão propagandística, para a vertigem da mentira de Sócrates? Desta forma, consegue projectar uma mentira para o futuro. Mesmo quando a realidade vem confirmar as perspectivas mais avisadas, Sócrates, fugindo daquela como o diabo da cruz, persiste no delírio. E arrasta-nos consigo.

Carlos Botelho, em "O Cachimbo de Magritte"

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Stalker

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Catalães só gosto do Durruti

Parabéns Mourinho! O Internazionale acaba de derrotar essa super-potência do futebol chamada Barcelona FC, colocando-se na final da Champions. Confesso que estou radiante com o resultado. Por várias razões. Mourinho impôs o pragmatismo face ao caudal atacante avassalador dos catalães.  Devo dizer que, ao contrário de António Pedro Vasconcelos, o Barça nunca me suscitou qualquer tipo de simpatia. São uma espécie de FCP à escala espanhola: provincianos, fanáticos, ululantes, e  capazes de actos de violência para fazer valer os seus propósitos (veja-se o tratamento que dispensaram a Luís Figo). Mas são também o berço de um nacionalismo ridículo, inconsequente e chantagista. Gostei também de ouvir o Freitas Lobo quase a chorar no final da transmissão na RTP. Nem uma palavra sobre uma arbitragem que expulsou injustamente um jogador do Inter e validou um golo irregular. Mas a estes comentadeiros nacionais já estamos habituados. Para já, força Real Madrid, esse sim, um grande clube do mundo!...

NOTA: graças a este vídeo-comentário de Eduardo Inda, no Marca online,  fiquei a saber que a direcção do Camp Nou impediu a comemoração dos jogadores do Inter, ao mandar ligar no máximo o sistema de rega do relvado, logo após o jogo acabar. Aqui fica uma nota de fair-play sobre este clube "exemplar". Não me admirava nada que no domingo, após o jogo do Dragão, a direcção portista, conhecida pela sua exemplar ética republicana, se lembre de fazer o mesmo, caso o Benfica conquiste o título nessa noite. Oxalá.

O Dragão e o Elefante

Lê-se na introdução: "São três mil e quinhentos milhões: São mais jovens, trabalham e estudam mais do que nós. Têm mais poupanças e mais capital para investir. Inúmeros Prémios Nobel. Os seus salários são muitíssimo mais baixos. Têm arsenais nucleares e exércitos de pobres. A China e a Índia não são apenas as duas nações mais populosas do planeta: são o novo centro do mundo." Palavras que revelam o programa da obra. O autor, Federico Rampini, é correspondente do "La Repubblica" em Pequim. Publicou anteriormente "O Século Chinês", um êxito editorial. Conhece pois muito bem o terreno de que nos fala, combinando o método do jornalista e o entusiasmo do narrador. Aqui, o leitor é conduzido numa visita guiada através dos dois países, sendo analisadas as perspectivas de competição e colaboração das duas economias num futuro próximo e os motivos pelos quais a China e a Índia serão responsáveis por 42% do PIB mundial em 2030, deixando para trás os Estados Unidos com 23% e a Europa com apenas 16%. E por detrás dos números, equaciona a complexa realidade que os suporta, socorrendo-se de uma bem documentada análise política e cultural dos dois países, numa perspectiva dinâmica e aberta. Em suma, Rampini revela por que é que a China e a Índia serão no futuro próximo os pesos-pesados da economia global. Sem deixar, porém, de destacar as contradições do regime ditatorial chinês: uma cleptocracia paternalista, em que uma economia de mercado predatória, sem limites, embora sob a tutela do Partido Comunista (cuja nomenclatura se transformou numa ávida classe de empresários), coexiste com a ausência de regras democráticas, de direitos fundamentais e de qualquer modelo de solidariedade social. Onde os custos da perfomance económica passam pelo números do trabalho infantil, pela deslocalização forçada de populações inteiras, pelo pesadelo ambiental - Xangai, Cantão e Pequim, cada uma com cerca de 20 milhões de habitantes, estão envoltas num permanente fumo tóxico, os principais rios são pouco mais que esgotos a céu aberto, com níveis de poluentes químicos assustadores, as condições sanitárias nas áreas populosas são propícias ao desenvolvimento de novas epidemias, etc -, pelas circunstâncias infra-humanas, de quase escravatura, em que vivem e trabalham grande parte dos operários fabris. Os quais chegam aos milhões todos os anos às grandes metrópoles, vindos das zonas rurais. A exploração é comum tanto às unidades mais pequenas (trabalho ao domicílio no ramo das confecções e sapatos) como àquelas de grande dimensão que as multinacionais subcontratam, da Nike à Timberland, da Walt Disney à Puma. Do outro lado, o enorme teste por que passa a maior democracia do planeta, sobretudo depois do episódio do estado de sítio declarado por Indira Gandhi nos anos 70. Ás voltas com níveis de corrupção altíssimos e uma burocracia paralisante.
Algumas curiosidades são relatadas, escolhidas de entre centenas: as autoridades de Nova Deli conseguiram remover as vacas da cidade através de um microchip desenvolvido localmente e implantado nos animais; os números do Instituto Indiano da Ciência, em Bangalore (a Silicon Valey indiana), a mais selectiva das Universidades, de onde saem os investigadores mais procurados pelas multinacionais da informática e da electrónica; porque é que a prevista cotação do iuane - a moeda chinesa, recentemente revalorizada, o que tornou o made in China um pouco mais caro, para alívio da Europa e EUA - pode constituir uma autêntica revolução nos mercados financeiros; as contrapartidas que o Governo chinês impôs à Airbus para firmar o recente contrato de fornecimento de 150 aviões A320; as notas de euro poderão ser impressas na Malásia, porque a empresa holandesa qua ganhou o respectivo concurso aí montou a sua principal unidade de produção. Imprescindível para a compreensão do mundo actual.
Ficha: China e Índia, Federico Rampini, Editorial Presença, Março 2007

terça-feira, 27 de abril de 2010

A rapariguinha para todo o serviço

A Joana qualquer coisa do BE a verberar na TV sobre a crise económica e financeira... Engraçado, tinha uma colega na faculdade que falava exactamente assim.  Bom, agora experimentem desligar o som. Parece uma Barbie desengonçada a discutir o preço do robalo e do carapau. Não há pachorra para estas tias histéricas, ainda por cima do sector caviar...

Stalker

Benfica, o mundo à tua espera...

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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Navegar é preciso

Para quem realmente leva a sério a máxima de que "circular é viver" e viajar ser um bem de primeiríssima necessidade, existe na blogosfera uma caixinha das surpresas ideal. Trata-se do "Viagens Lacoste". A razão para o nome é indicada logo no subtítulo: "uma homenagem a todos aqueles que não conseguem dizer low cost." Se lá forem, verão que há muito por onde escolher: um conjunto de destinos mainstream ou não, sejam locais, acontecimentos, edifícios, bairros, cidades, regiões ou países, com uma breve apresentação, fotografias e  links para informações úteis e mapas diversos e, no final do post respectivo, um pequeno scroll com destinos congéneres; sugestões mais económicas para determinados destinos, com índices comparativos; rubricas como "locais que deveríamos visitar pelo menos uma vez na vida", etc. Em suma, um autêntico blogtrotter. Que coloquei logo nos favoritos, não vá o diabo tecê-las, recomendando aos leitores-viajantes que façam o mesmo.

TMG - cinco anos

O Teatro Municipal da Guarda fez ontem 5 anos. Sim, o tempo passa e o compasso não é binário. É caso para dizer que o TMG, ainda na idade pré-escolar, já fez escola. Assim mais à vista, por dois motivos principais: porque se tornou um exemplo de boas práticas de gestão a nível local, contrariando a ideia de dissipação de recursos, associada por algumas almas a este tipo de equipamentos, quando na verdade a verdadeira dissipação está na criação e programação de infra-estruturas redundantes existentes no concelho; e ainda porque assumiu desde a primeira hora uma programação ambiciosa, atenta e sem descurar o risco. Como "culpados" deste crime perfeito, aponto os três "suspeitos do costume": Américo Rodrigues, o mentor e director artístico do Teatro, a equipa que lá trabalha e a autarquia, que tem sabido interpretar correctamente o significado de uma instituição deste tipo. Basta ler a imprensa de referência  e ouvir os comentários dos profissionais desta área para perceber o que aqui se disse. E com isto é a cidade que ganha, o público que tem possibilidades de escolha, o inconsciente colectivo que criou uma nova referência incontornável na paisagem urbana e o imaginário que desperta.

domingo, 25 de abril de 2010

O chapéu do gajo

sábado, 24 de abril de 2010

Eis a questão

Raras vezes na vida me deparei com um dilema tamanho: assistir ao jogo do Benfica na TV ou ir ver o espectáculo do Zeca Medeiros no Teatro Municipal da Guarda. Ajudem-me. Estou a pensar mesmo pedir uma orientação ao Dalai Lama para sair deste imbróglio...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Os ricos que paguem as SCUTs

Algum dia tinha que acontecer. Gostaria de partilhar a minha total concordância com a recente medida do Governo de introduzir portagens em três SCUTs do Norte e Centro. Mais concretamente do Norte/Litoral, Costa de Prata e Grande Porto. Efectivamente, trata-se de infra-estruturas pensadas para, mais cedo ou mais tarde, o respectivo custo se vir a repercutir nos utentes. Neste caso, é motivo para dizer que, "enquanto o pau ia e vinha, folgavam as costas". Só que, o momento da verdade haveria de chegar. Por outro lado, já ouvi algumas críticas à não extensão da medida a todas as SCUTs. Discordo de todas elas. Porquê? A razão é simples: no caso das três abrangidas pela medida, verificam-se preenchidos os pressupostos para a decisão: vias alternativas razoáveis e rendimento superior à media nacional. Mas há um outro motivo, de ordem estruturante. Se me disserem que alguns troços de auto-estrada, sobretudo no litoral, são uma duplicação de vias com esse perfil já existentes, uma estratégia esbanjadora cujos maiores beneficiários são os construtores, os concessionários e certas redes clientelares devidamente "enluvadas", estou pronto a aceitar sem hesitação. Mas já que existem, então que quem deles beneficia directamente contribua para o seu pagamento e manutenção. Na  condição de existirem soluções alternativas de circulação, estarem essas SCTs implantadas  em zonas desenvolvidas e servirem troços inter-urbanos, como é o caso. Portanto, esteve bem o Governo em não impor portagens, para já, na A 23 e A 25. Uma vez que, servindo ambas uma vasta região do interior, cumprem um desígnio de coesão nacional, de correcção das assimetrias. Propósitos estes só atingidos se se mantiver a actual discriminação positiva. Para além de que, neste momento, não haveria praticamente vias alternativas nas zonas abrangidas...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Fato novo

O "Boca de Incêndio" tem roupa nova, como já notaram. Depois de algumas tentativas, rumei de vez para as novíssimas ferramentas de edição do blogger, para já só disponíveis em modo draft. Procurei manter a mancha gráfica anterior, actualizando-a  numa linha de continuidade e acentuando a coerência do todo. Por outro lado, manteve-se quase toda a informação do sidebar, com alguns ajustamentos e a inclusão de uma tag cloud. Espero que os novos figurinos se tornem do agrado dos visitantes, sejam frequentadores habituais, ocasionais ou acidentais.

Stalker

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Qd é k a idd da gavt veio a dar nst lg ñ dá...

Um terço dos adolescentes americanos envia 100 sms por dia, é o titulo de um estudo hoje divulgado no Ionline. Segundo a sondagem, 87% dos inquiridos declaram que chegam mesmo a dormir com o telemóvel, "ou perto dele". As raparigas recebem diariamente 80 sms e os rapazes "somente" 30. Palavras para quê? Começo agora a perceber melhor as razões para o debatido episódio da escola portuense, há dois anos, onde uma aluna disputou o seu telemóvel com uma professora em modo wrestling.

Feliz Natal, Mr. Garrido



Eis mais alguns episódios da saga "Apito Dourado". Desta vez, as escutas dizem respeito a conversas entre Valentim Loureiro e António Garrido, e entre Pinto da Costa, Pinto de Sousa e Gilberto Madaíl. Realce para a segunda, onde o especialista em fruticultura combina com Sousa a nomeação do árbitro da meia-final da Taça, em 2004. "Tem que ser um internacional, pode ser o Bruno", afirma o primeiro. "Fez uma arbitragem espectacular no Restelo, na semana passada", acrescenta mais à frente. Claro que continuam a existir umas alminhas devotas extremamente preocupadas com a validade ou a divulgação das escutas. Há gente para tudo. Mesmo para negar o que têm à frente dos olhos. Exactamente por isso, a divulgação destes momentos sicilianos tem um valor incalculável: para os cépticos, nada como ouvir para crer; para os que já não acreditam no Pai Natal, são simplesmente novas variações sobre o mesmíssimo tema.

Apenas as palavras

Apenas as palavras quebram o silêncio, todos os outros sons cessaram. Se eu estivesse silencioso, não ouviria nada. Mas se eu me mantivesse silencioso, os outros sons recomeçariam, aqueles a que as palavras me tornaram surdo, ou que realmente cessaram. Mas estou silencioso, por vezes acontece, não, nunca, nem um segundo. Também choro sem interrupção. É um fluxo incessante de palavras e lágrimas. Sem pausa para reflexão. Mas falo mais baixo, cada ano um pouco mais baixo. Talvez. Também mais lentamente, cada ano um pouco mais lentamente. Talvez. É-me difícil avaliar. Se assim fosse, as pausas seriam mais longas, entre as palavras, as frases, as sílabas, as lágrimas, confundo-as, palavras e lágrimas, as minhas palavras são as minhas lágrimas, os meus olhos a minha boca. E eu deveria ouvir, em cada pequena pausa, se é o silêncio que eu digo quando digo que apenas as palavras o quebram. Mas nada disso, não é assim que acontece, é sempre o mesmo murmúrio, fluindo ininterruptamente, como uma única palavra infindável e, por isso, sem significado, porque é o fim que confere o significado às palavras.

Samuel Beckett, in 'Textos para Nada'

terça-feira, 20 de abril de 2010

Eyjafjallajokull

Antes

Depois

Será que este vulcão islandês, que projectou a sua cólera sobre o mundo desde 14 de Abril, poderia ter outro nome? Podia, mas não era tão cómico para um não indígena tentar pronunciá-lo. Será que poderia ter sido um bocadinho mais discreto? É claro que podia. Mas já que enveredamos pelas comparações, basta ficarmos pela maior catástrofe vulcânica de que há memória: o Krakatoa, em Agosto de 1883, numa ilhota indonésia entre Java e Sumatra, que a violência inimaginável da explosão praticamente fez desaparecer. A última erupção foi ouvida na Turquia e no Hawai e rebentou os tímpanos a quem se encontrava num redor de 15 Km. O manto de cinzas e poeira expelidas pelo colosso cobriram o globo durante cerca de ano e meio, provocando alterações climáticas e no ciclo solar. Os efeitos projectaram-se na própria arte, uma vez que, dizem os entendidos, o estranho céu do celebérrimo "Grito", de Munch, foi o mesmo que o artista pode observar nos céus da Noruega, um ano depois da erupção. O efeito do tsunami, com ondas de quase 40 metros, foi sentido inclusive no Canal da Mancha. Como vêm, mesmo num vulcão a discrição é relativa. Por último, não podia o Eyj...... ter uma sonoridade mais doce, mais apropriada a uma espécie de justiça divina, luminosa? Podia, sim senhor! E não seria tudo diferente, se agora falássemos do Vesúvio, do Etna, de Stromboli?... Espera aí!!!... Stromboli? Sim, a "terra di Dio", essa, filmada por Rosselini em 1949. E convenientemente habitada por um anjo, Ingrid Bergman... Ou seja, para bem da eternidade.

Florial

(de 20 de Abril a 19 de Maio)

Momentos Zen - 58

O Caminho tem duas regras: começar e continuar


Ver anterior

Resíduos não sólidos


Que eu saiba, ainda não se fabrica papel higiénico com a efígie do notabilíssimo Engenheiro Pinto de Sousa. O tal que se tornou um problema de saneamento básico para a República Portuguesa. Ou, noutra gama, com reproduções das inúmeras casas projectadas pela sumidade aqui pela Guarda, numa interpretação minimalista e orgânica do movimento Bauhaus. Uma evidência de como a clonagem de um engenheiro técnico, a partir de um deputado em exclusividade de funções, foi um êxito científico. Seja como for, quer a simples existência no mercado, quer a mais que provável adesão dos consumidores a estes produtos, evidenciariam um bom gosto extremo por parte dos portugueses. Para além, naturalmente, da satisfação de dar o seu a seu dono. Enquanto esperamos por estes artigos trendy, fiquemos com o conhecimento da existência do gadget documentado na imagem. Trata-se, como já suspeitaram, de papel higiénico fluorescente. Disponível em várias cores. O mesmo que porá fim ao pânico dos fusíveis que vão abaixo no momento "X", ou do engraçadinho que, na hora errada, carregou no interruptor do lado de fora no instante "Y", ou até mesmo do rolinho que não se vislumbra, à primeira vista, na escuridão do armário, no tempo "K". Tudo isso acabou, meus caros amigos e amigas. Passem por aqui e saibam como.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Stalker

domingo, 18 de abril de 2010

A tragédia de Inês

Algumas questões pertinentes do universo chupista bem pensante, num país onde as desigualdades são cada vez mais abissais: como é que a turbo-deputada Inês de Medeiros foi passar o fim-de-semana a casa, em Paris? No Sud-Express, como o bom povo de esquerda, que é suposto representar? Sim, num inusitado remake do épico regresso de Jacinto a Tormes? By the way, a AR pagaria o bilhetinho de ida e volta, em 1ª classe, como vem sendo hábito? E já agora, respondendo à vossa curiosidade, seus malandrecos, será que o Estado subsidiaria o seu pequeno almoço em Hendaye, como ajuda de custo para o penoso transbordo?

PS: por falar em odisseia, sabe-se que Cavaco Silva já chegou a Lisboa, depois de 1700 Km "à boleia", desde Praga... O país pode assim ficar mais tranquilo...

Com quatro pontos apenas se escreve a palavra campeão


Para além da enorme satisfação da vitória em Coimbra, que coloca o Benfica quase quase no título, hoje tive direito a um bónus especial. Vi o jogo em streaming no Veetle, o que significa que não alimento "objectos estranhos" pró-andróides, como é o caso da Sporttv. Os comentários da transmissão são feitos por pivots franceses. O que significa que os lances polémicos são analisados sem a conhecida parcialidade dos jornaleiros das estações nacionais. Às tantas, referiram um dos atributos do Benfica: ser um autêntico viveiro de jogadores que vão participar no próximo Mundial nas respectivas selecções: Paraguai, Brasil, Argentina, Uruguai, Espanha, etc. Keirósz, essa sumidade das palestras, lá pensará que o Carlos Martins, o Coentrão e o Ruben Amorim não têm a qualidade exigida para jogar ao lado de Bruno Alves!... Seja como for, a minha posição é sobejamente conhecida: força Argentina e Brasil A!

Debaixo do vulcão



Da Islândia tem-nos vindo boa música e paisagens simpáticas, embora desoladas. Agora chegou-nos esta onda de poeira vulcânica, misturada com o gelo dos glaciares, que não pára de alastrar. Dizem os especialistas que respirá-la é como engolir vidro. Seja como for, o composto é fatal para os reactores dos aviões. Razão por que o espaço aéreo de 3/4 da Europa está fechado desde quinta-feira. Ainda ninguém ousou fazer a contagem real dos prejuízos. Mas que já têm muitos zeros à direita, isso posso garantir-vos. As últimas estimativas apontam para 200 milhões de euros*. A situação atingiu uma dimensão tal que Durão Barroso acabou por convocar um Conselho de Ministros extraordinário da UE. No mapa, repare-se que só praticamente a Península Ibérica, o Sul de Itália e dos Balcãs e a Grécia escapam à nuvem. Até nisto temos sorte. Quanto ao resto, é melhor nem falarmos.

*vendo bem, atá são números modestos... Basta lembrar que há gestores públicos em Portugal que "auferem" 1,5 milhões anualmente...

sábado, 17 de abril de 2010

Macaronésia

Por uma vez, concordo com Mário Soares. Diferendo de opiniões, note-se. Que não belisca sequer o reconhecimento da linhagem sólida, que distingue os grandes políticos, de que Soares faz parte. Não é preciso um grande esforço para o imaginar preteritamente nos magníficos jardins de Sanssouci, disputando acaloradamente a voltagem do iluminismo, em amena tertúlia com Frederico o Grande. Ou até mesmo na fantástica biblioteca circular do "petit palais", elegido pelo monarca como sua residência de Verão. Um local onde, afortunadamente para Soares, abundam os livros e escasseiam os dossiers... A coisa aconteceu num colóquio efectuado ontem no ISCTE, em Lisboa. O ex-exilado em S. Tomé defendeu, inequivocamente, que Cabo Verde nunca deveria ter alcançado a independência. Para isso, aponta conhecidas razões de ordem histórica: a ausência de uma tradição independentista no arquipélago, a exigência de um referendo sobre a questão, que não se chegou na altura a concretizar e, sobretudo, não ser a independência um objectivo político declarado das elites locais de então. Efectivamente, as vantagens da criação de uma Macaronésia nacional (obviamente excluindo as Canárias) que englobasse também Cabo Verde, seria um trunfo económico e geo-estratégico de valor incalculável para Portugal. E, acredito, Cabo Verde só teria a ganhar se incluído no espaço económico e social europeu, ainda que com o estatuto de região ultra-periférica. Last but not least, aduziria uma razão de carácter particular para esta tomada de posição: garanto-vos que, se Cabo Verde fosse (ainda) território nacional, era lá que me encontrariam certamente.

Avançadinhas, hein! Qualquer dia até já fumam!...

Borges a toda a hora

Los enigmas

Yo que soy el que ahora está cantando.
Seré mañana el misterioso, el muerto,
el morador de un mágico y desierto
orbe sin antes ni después ni cuándo.

Así afirma la mística. Me creo
indigno del Infierno o de la Gloria,
pero nada predigo. Nuestra historia
cambia como las formas de Proteo.

¿Qué errante laberinto, qué blancura
ciega de resplandor será mi suerte,
cuando me entregue el fin de esta aventura

la curiosa experiencia de la muerte?
Quiero beber su cristalino olvido,
ser para siempre; pero no haber sido.

Jorge Luis Borges

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O beijo

A notícia chegou-me há pouco, por via do programa radiofónico "O Amor é", de Júlio Machado Vaz, transmitido na Antena 1. No Dubai, um casal inglês foi recentemente condenado num mês de prisão, por ter sido "apanhado" a dar um beijo num dos hiper-luxuosos restaurantes daquele colosso turístico. A acusação foi simplesmente de "acto sexual em público", denunciado por uma mãe local que jantava com o seu filho, o qual terá ficado perturbado com a "ousadia". Globalização? Cultura mundo? "Identidades deslocalizadas"? Tenham juízo. Daqui a 200 anos talvez... Por agora, a fragmentação cultural, amparando as várias identidades em confronto, é ainda quem manda. Por último, estou curioso em saber o que diria deste caso a jornalista Alexandra Lucas Coelho, "especialista" em assuntos islâmicos?

Afinidades electivas

"Manso é a tua tia, pá!". Palavras de José Sócrates, hoje na AR, após uma intervenção de Louçã. Palavras do Primeiro-Ministro da República Portuguesa, cujo centenário algumas almas mais distraídas andam a comemorar. Continuo a circunvalar a hipótese de que a grande culpada do estado calamitoso deste resíduo sólido chamado Sócrates é a sua mãe... Efectivamente, o homem não presta, é um produto espúrio dos berçários partidários que embalam a mediocridade!... Meus caros, é urgente para este país depor esta "coisa" na mentureira ou na ETAR mais próxima...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O choradinho do costume


Benfica - Sporting 2010 Roubo de Catedral

Auto de notícia

- Sempre é verdade que o outro foi dado como morto?
- Sim, mas não é certo, pois antes nunca fora dado como vivo...

terça-feira, 13 de abril de 2010

O gajo a dar ares de intervenção artística

Lido

(...) Os problemas sociais são para muita gente uma maçada. Melhor: as diferenças sociais e a conflitualidade que daí surge são para muita gente uma maçada. O mundo deles é constituído por uma pirâmide social que começa nos abusadores do rendimento mínimo, passa para a "classe média baixa", para a "classe média" propriamente dita, a abstracção de muitas políticas, e sobe depois para os arrivistas com dinheiro, que o Independente tratava como o "novo dinheiro", os que vêm no jet set das revistas populares, para terminar na aristocracia do "velho dinheiro", o jet set invisível da verdadeira alta. Com esta pirâmide social, tão fictícia como os Morangos sem Açúcar, não há lugar para portugueses como os mineiros de Neves Corvo.(...)

Pacheco Pereira, no "Público" de 10 de Abril

Queriam festa, era?

Isaac Alfaiate desfilou este fim de semana no Forum Montijo com a sua namorada Lúcia Garcia e aproveitou para meter na ordem as más línguas que tem vindo a alegar uma alegada homossexualidade do manequim e actor: "Estou farto disso. Esses rumores chegam-me aos ouvidos com frequência. Tem sido muito desagradável e quem diz isso só pode ser gente invejosa e que me quer mal. De uma vez por todas, não sou homossexual". Ler aqui notícia completa.
De uma vez por todas, a reportagem não refere uma alegada apetência para a ingestão compulsiva de queijo da serra por parte do manequim. Ao que parece, na sua infância, era capaz de devorar um queijo em três tempos... De tal forma que a mãe, preocupada por ele, sempre com os beiços a escorrer pasta mole, não ligar patavina aos olhares bovinos das moçoilas das redondezas, resolveu tomar medidas a sério. E assim foi. Meteu-o num colégio interno, salvaguardando a existência de queijo num redor de 100 metros. Foi assim que o rapaz perdeu os quilitos necessários ao ingresso na carreira. No entanto, as más línguas invejosas que lhe querem mal continuam a afirmar que, em certas ocasiões íntimas, a namorada Lúcia Garcia aparece disfarçada de queijo semi-curado. O créme de la créme, portanto...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O almoço do gajo

domingo, 11 de abril de 2010

A areia escorre-me

A areia escorre-me por entre os dedos. Caminho pelo crepúsculo, em direcção ao horizonte.
Cada grão de areia está habitado pelo espírito do deserto. Cada poro da minha pele bebe a fria luminosidade das estrelas e o arrepio da noite.
Entre o corpo que se degrada e a morte- a grande morte, a última- deve haver, ou começar, outra coisa. Um lugar qualquer onde possa viver e morrer sem dor. Um lugar feliz.
Pensava eu que a felicidade deveria estar escondida naqueles momentos de perturbação em que me descobria no teu olhar. Enganei-me, passei a vida a enganar-me.
É tarde. Apago-me, vagarosamente.
Deus talvez esteja no fundo do mar, na claridade das águas.
Dentro de mim sinto a melancolia da areia lavada pelo seu movimento invisível, eterno.

Al Berto, O Anjo Mudo

Stalker

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pensão ideal

Chamam-se cubos e tal!...
Épá, isso é muito caro!
Preferes viver agarrada o resto da tua vida?
E o IMI? E a aceleração das partículas?
Pronto, não quero falar dos meus impostos...
Olha, uma casa prefabricada moderna!!!
Tudo montado!!!
Vejam só! A brochura deles! Dois vidros enormes!... Fogão e tudo!!!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Stalker

Shatov versus Kirilov

No seu livro "Os Demónios" (ou "Os Possessos", dependendo da tradução), Dostoievski utiliza dois personagens, Kirilov e Shatov, para exprimir a ambivalência da necessidade e importância de Deus.
Kirilov acredita que a vida consiste em dor e sofrimento. Para ele, Deus não existe e, consequentemente, tudo é possível, incluindo o suicídio. Encarado como a expressão máxima da transcendência humana noutra forma, maxime uma existência divina. Observa que a felicidade não tem correspondência com as circunstâncias individuais, mas com um estado de espírito. Nesta linha, se alguém acredita na felicidade, será feliz, e nada haverá que a possa negar. O entendimento de Kirilov acerca de Deus ou da sua falta permite encará-lo como um dos personagens mais carismáticos criados pelo autor russo. Nesta obra, Kirilov surge como uma espécie de figura crística. Planeia matar-se para libertar os outros membros do grupo, perecendo pelos seus pecados. Toma assim em mãos o papel de Cristo, libertando a espécie humana para que todos possam aceder à tal transcendência que os aproximará de Deus.
Shatov, pelo contrário, quer acreditar em Deus, mas pressente que não tem fé. Valoriza a ideia de Deus e toma a religião como um factor essencial para a identidade da nação russa. Mas deu-se conta de que o seu modo de vida e as suas referências não lhe permitem ter fé. Admite a existência de Deus, mas tal postulado, só por si, não atrai a verdadeira fé. Por fim, Dostoievski coloca Shatov num papel trágico: no momento preciso em que se começa a conhecer, desenvolvendo uma convicção religiosa, é assassinado.

Quer Kirilov quer Shatov possuem convicções inabaláveis: o primeiro tem fé mas não acredita em Deus, já o segundo acredita, mas não tem fé.

1º de Abril

Mentira, é tudo mentira.