domingo, 31 de maio de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
Esquema de uma nova ideologia política
Há que admitir que o 25 de Abril morreu e, com ele, a ideologia de Esquerda. Por outro lado, a ideologia de Direita serviu apenas de reacção à ideologia de Esquerda. Esta, a da Esquerda, tinha tomado a dianteira com a implantação da República e, provavelmente, já com a Revolução liberal de 1820. Os apelos à Liberdade deram alívio a muita coisa que oprimia a mente dos portugueses mas mostraram-se pouco produtivos em termos concretos. Do Império onde muitas pessoas foram humilhadas na sua dignidade humana básica e cultural, mas também dum Império que foi constituído por obrigação das potências europeias que queriam dividir um mundo onde Portugal estava há cinco séculos sobretudo para fugir das escravaturas da Europa, passou-se para os Fundos comunitários. O projecto português, portanto, foi passando de uma para outra muleta, cada vez mais incapaz. Razões que se perdem na noite dos tempos continuam, todavia, a obrigar-nos à nossa especificidade, muito mais profunda que a dos bascos ou catalães, dos bretões, os dos bósnios. Não é fácil nem viável dissolver Portugal. O reconhecimento da morte do 25 de Abril dispensa-nos igualmente de procurar saber se foi feito por pessoas mal-intencionadas, nomeadamente responsáveis pelas tragédias que constituíram as Guerras civis em várias ex-colónias. O que importa reconhecer é que uma Democracia directamente inspirada no 25 de Abril, quer dizer, uma Democracia baseada fundamentalmente na Ideologia de Esquerda ou de uma Direita que a segue, não é viável. A sociedade portuguesa mostra sinais de grande sofrimento e mesmo de dissolução. A Esquerda tem uma capacidade muito grande de manifestar este sofrimento mas não tem capacidade nem de lhe pôr fim nem de o prevenir. O Estado não faz a sociedade, não produz comida, não gere a família. A Direita é apenas a reacção para endireitar um desvio que se processa há muito tempo e não tem capacidade de endireitar algo que é profundamente torto, acabando por ganhar a forma desta tortura. As soluções extremistas, quer de Direita, quer de Esquerda, apenas aumentariam estes males, provocando, quando muito, uma reacção contra ambas que não se sabe como seria, mas que não seria certamente nem meiga, nem racional. Há que, portanto, ultrapassar a Direita e a Esquerda, nomeadamente limitando um universo de perspectivas em que só a Direita ou a Esquerda podem fornecer soluções. Não se trata esta de uma questão «técnica» de Ciência política, algo em que todos somos cientistas, desde que nascemos. A primeira solução é também a de limitar os efeitos concretos de votações ou eleições desestabilizadoras, nomeadamente começando por refrear e condicionar o fenómeno político. Uma solução que já provou – e durante vários séculos – é a de estabelecer uma Chefia de Estado que não seja elegível, como a de uma Monarquia. E outros órgãos de Estado não deverão ser tão-pouco elegíveis mas apenas mudarem de acordo com outros critérios, uns baseados na tradição, outros no consenso e outros na utilidade e no bom senso. A segunda solução é a de que, sendo certo que proclamar um Rei sobre a República não nos vai resolver problemas sociais profundos que aliás afligem o mundo inteiro, há que procurar uma nova ideologia política, pelo valor de ordenação que esta tem. A busca dessa nova ideologia política não se faz a somar e diminuir, nem a vamos consultar à bruxa, mas é um conjunto de ideais que implicam sacrifício e que se não realizarão facilmente como uma promessa que apenas falta cumprir. Essa ideologia política é necessária, precisará talvez de outras datas que esconjurem o fantasma do 25 de Abril e terá que voltar-se para a resolução urgente dos problemas concretos das pessoas concretas que nos rodeiam, de um modo muitas vezes experimental. O mérito desta etapa das nossas vidas será avaliado – como tantas vezes aconteceu – de um modo que ainda não sabemos.
André
Ana útil
Ana Gomes, durante o lançamento do seu livro de crónicas "Todo-o-Terreno - Quatro Anos de Reflexões", adiantando que está bem junto das instituições comunitárias e que gostava de cumprir mais um mandato (TSF, 20/11/2008).
Tenho uma embirração de estimação por esta senhora. O que é que querem? Onde há um sinal de peixeirada, lá está ela. Brandindo argumentos em registo mural, dos tempos do MRPP. Uma questão hormonal, talvez. Ou uma nostalgia profunda dos tempos da Praia do Meco. Na questão de Timor, até esteve bem. Depois veio a vertigem das luzes da ribalta. Perdeu-se uma diplomata aguerrida, mas eficaz, e veio ao mundo uma criatura irrequieta, a tentar justificar de forma ridícula as sinecuras com que foi premiada. Foram os voos da CIA, foram as quotas de pesca e, agora, vem atacar o neófito Rui Tavares. É a peixeira preferida de Sócrates. Já alguém lhe fez saber que o ridículo pode matar?
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Crónicas da paróquia
quinta-feira, 28 de maio de 2009
O cinema está vivo
Elogio dos Homens de Boa-vontade
Recordei-me hoje de quem morreu há cerca de um ano. Do jornalista João Isidro, ex-MRPP, companheiro de Ribeiro Santos, o qual foi assassinado pela PIDE, em 1972. Andou no Liceu da Guarda e desenvolveu a sua vida em Lisboa. Teve cargos: foi jornalista do Expresso, foi dirigente do sindicato dos jornalistas, e neste último cargo conseguiu um direito que se estende também à Blogosfera, o direito de autor dos jornalistas. Era um homem apaixonado, lutador, foi preso pela PIDE logo no seu primeiro ano de estudante na Faculdade de Direito de Lisboa. Morreu de cancro, com pouco menos de sessenta anos, apesar de ser sempre jovem de espírito. E hoje, lembro-me dessa gente valorosa do MRPP, para quem inventaram umas teorias de que eram pagos pela CIA para boicotarem o processo revolucionário em curso. Se houve algo que lhes pagava, era o desejo de Justiça. Por lá, como por outros lugares, passaram oportunistas, manipuladores e muitos do MRPP foram certamente tratar da sua vidinha por caminhos mais espertos. Mas se Portugal não caiu num regime impossível, tipo Cuba ou a Venezuela de Chávez, onde seria imediatamente invadido pelas tropas espanholas, como ficou provado recentemente, ou por uma esquadra norte-americana, para não dizer que ficaria irreversivelmente separado dos Açores e da Madeira, foi graças a indivíduos como os do MRPP, que teimaram em acreditar que o seu desejo de Justiça não era igual às partilhas de Poder feitas pelos Grandes deste Mundo. E João Isidro bem o ilustra, na maneira como viveu. Ligado há muito tempo à Maçonaria, não foi por isso que se encheu de riquezas ou honrarias. Recusando a falta de ética que invadiu o moderno jornalismo, este jornalista profissional de tantos anos, acabou reduzido a escrever para uma Revista de Bombeiros. Tenho a certeza que Deus e a consciência dos Homens guardam um lugar de Paz, para esta gente, que se não satisfaz com a desolação e a cegueira do nosso egoísmo. E pergunto-me se está destinado aos Bons do Mundo a morrerem em dor e canseiras. Não sei, nada sei. Olho o céu e peço misericórdia. Deus é o único Vencedor.
André
quarta-feira, 27 de maio de 2009
A campanha alegre
terça-feira, 26 de maio de 2009
Coisas doces
Ao fim da manhã chegam os tabuleiros de madeira, fechados, com os folhados quentinhos a sair do forno: rissóis de camarão, os bolinhos de bacalhau, os croquetes de carne, os folhados de camarão e de carne, “frigideiras” de carne, empada de pato, empada de salmão e de lampreia (na época) com massa folhada, trabalho artesanal de convento", são deliciosos, ah e a bola de carne também… tudo acompanhado por uma tacinha de vinho branco verde fresco, claro! Nos doces: “Mariazinhas”, croissants, gemas ou cavacas, meias luas, manjericos, torta de Viana e "inigualável" Pão-de-ló, e ainda os variados biscoitos de Viana… e não podemos esquecer das famosas bolas de Berlim, que se classificam como as "melhores do mundo", e que fazem com que, às 17.00h, haja fila até à rua.
Festival Silêncio
A palavra
segunda-feira, 25 de maio de 2009
O fim de um tempo
domingo, 24 de maio de 2009
Mais um domingo e tal
sexta-feira, 22 de maio de 2009
A torre e a feira
quinta-feira, 21 de maio de 2009
O programa
A paixão de uma vida
Hoje é dia de luto para o cinema em Portugal. Acaba de nos deixar um dos maiores divulgadores e cultores da 7ª arte: João Bénard da Costa. Segundo pode ler-se no site do ICA, JBC esteve "ligado à Cinemateca Portuguesa desde 1980, onde assumiu o cargo de Presidente a partir de 1991, João Bénard da Costa faleceu hoje, aos 74 anos. Numa vida dedicada ao cinema, começou como dirigente cineclubista enquanto ocupava também o cargo de presidente da Juventude Universitária Católica. Foi um dos fundadores da revista O Tempo e o Modo, dirigiu o Sector de Cinema do Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian e presidia à Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal. Escreveu crónicas no Expresso, passou pelo Diário de Notícias e, em 1988, no semanário O Independente assinou “Os filmes da minha vida”. Publicou várias obras, entre as quais monografias sobre Alfred Hitchcock ou John Ford. Foi homenageado com o prémio Pessoa em 2001 e recebeu de Mário Soares a Ordem do Infante D. Henrique. Internacionalmente, foi reconhecido em França que o instituiu como «Officier des Arts et des Lettres». Pelo trabalho à frente da Cinemateca, João Bénard da Costa foi condecorado em Setembro de 2008 pelo Ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, com a medalha de mérito cultural."
quarta-feira, 20 de maio de 2009
O voo
Efuméride
terça-feira, 19 de maio de 2009
Libertas
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Assim não...
Formação acelerada
O labirinto
domingo, 17 de maio de 2009
Cadê o suco, cara...
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Os 5 magníficos
ERA UMA VEZ... 4 Funcionários públicos chamados Toda-a-Gente Alguém, Qualquer-Um e Ninguém.
Havia um trabalho importante para fazer e Toda-a-Gente tinha a certeza que Alguém o faria. Qualquer-Um podia fazê-lo, mas Ninguém o fez. Alguém se zangou porque era um trabalho para Toda-a-Gente. Toda-a-Gente pensou que Qualquer-Um podia tê-lo feito, mas Ninguém constatou que Toda-a-Gente não o faria. No fim, Toda-a-Gente culpou Alguém, quando Ninguém fez o que Qualquer-Um poderia ter feito.
Foi assim que apareceu o Deixa-Andar, um 5º funcionário, para evitar todos estes problemas.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Informação
O novo "i"
2º Um excelente naipe de colunistas e colaborasdores, tão plural quanto pertinente.
3º Opção por textos sóbrios, embora não esquálidos. Que informam com esclarecimento, mas não distraem do essencial.
4º Direccionamento para uma audiência urbana, dinâmica, com alguma instrução. Que não gosta de perder muito tempo à procura das notícias, mas que não prescinde de uma boa FAQ na ponta da língua, no que toca às respectivas áreas de interesse.
5º Opção generosa e coerente por temas associados às novas tecnologias e à web 2.0, onde pontuam as redes sociais.
6º Uma versão online que se saúda pela qualidade e pela disponibilização plena dos conteúdos. Incluindo os textos de opinião, acedidos a partir do sidebar. O portal inclui igualmente algumas ferramentas como o Twingly, inquéritos, uma plataforma de blogues e uma tag cloud.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Elogio de Fausto
1º Existem cantores/intérpretes/autores cujo lugar não é, pura e simplesmente, questionável, ou sujeito à subjectividade desgovernada. JOSÉ AFONSO e ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA são os nomes mais óbvios. O último será lembrado mais pela imensa generosidade e combatividade, do que pela música, à excepção de alguns hinos. O primeiro é, simplesmente, o compositor de música popular portuguesa mais importante do séc. XX. E que sobreviverá, mesmo apesar da acção nefasta de alguns epígonos, muitos prosélitos e certos maus divulgadores.
2º VITORINO é outra figura à parte. E cuja veia criativa parece ter esgotado. Mas que, todavia, não integra a minha playlist actual, sobretudo por duas razões: os temas mais antigos já não consigo ouvir, devido a nostalgite aguda, e os mais recentes não me interessam.
3º SÉRGIO GODINHO é um caso mais complexo, mas simultaneamente mais simples de explicar: só gosto e só ouço o que fez até meados dos anos 80. Depois disso, prefiro o Serge Gainsbourg no original, embora reconheça o mérito artístico de alguns temas.
4º Outro problema é JOSÉ MÁRIO BRANCO. O qual mais facilmente me disporei a escutar "ao vivo" do que noutra qualquer situação. Talvez porque a sua música, hoje em dia, inspira mais do que ilumina.
5º Há alguns nomes cuja lembrança menos pesa. É o caso, por exemplo, de PEDRO BARROSO. Ao ouvir as sua baladas campestres, ocorre-me imediatamente o queijo "tipo" serra. Ou seja, um produto que se faz passar por aquilo que não é: música tradicional. É uma sonoridade que combina bem com uma feijoada acompanhada de um carrascão ribatejano. Seguida de uns versos flatulentos, dedilhados à guitarra e dedicados às moçoilas da região.
6º Resta então FAUSTO, para incluir na tal minha playlist multiusos. Onde permanece, de pedra e cal. E porquê? Para já, é o único que nunca atou a pedra da ideologia àquilo que se impunha que flutuasse: a sua arte. E foi por causa disto que alguém duvidou do seu posicionamento político? Por outro lado, Fausto assemelha-se mais a um herdeiro da tradição dos jograis e de entremezes, da tradição pícara ibérica. O seu registo vocal é o oposto daquele que se usaria num comício. Denotando uma elegância e uma ironia que escasseiam noutros. Onde coexiste a intensidade artística e o distanciamento. Fausto nunca utilizou a música como suporte para fins proselitistas. Nunca teve preconceitos em usar temas que outros considerariam pouco dignos. Nunca confundiu a solidez da mensagem com a crispação de uma "língua de trapos". Evidenciou um profundo conhecimento da cultura e da história nacionais. E compôs a opus magnum da música popular portuguesa da década de 80: "Por este rio acima". Cada disco seu é diferente de todos os outros, mas nenhum exclui os anteriores. Fausto é o único cujo nome não evoca mecanicamente nenhum adjectivo, sendo ele próprio um. Algo que não é, decididamente, para todos. Em suma, com Fausto sabemos sempre que "Grande, grande é a viagem"...
quinta-feira, 7 de maio de 2009
La Dolce Vita
Post it
Basta sorrir de cor,
Sem sangrar,
Acreditar solarmente no amanhã –mesmo que o advérbio e o dia não existam,
E em Deus nosso senhor que nos protege a todos,
Mesmo que também - triunfalmente - não exista.
Basta não acordar o vento
Ou soltar a memória
(Que é o mesmo).
Basta ser sensato,comedido,
E saber que a dor se grita em voz baixa
Ou se abafa na alegria morna dos dias.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
O passeio
Nós, os fundadores...
Caminhos
terça-feira, 5 de maio de 2009
Pour Finkielkraut, internet est une poubelle
Film Ist
Nota: À semelhança de outros anos, o Festival vai ter oito extensões em várias localidades do país. Este ano serão oito. Só é pena que o TMG não se tenha associado à iniciativa.