segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Agenda Novembro


Desde sexta-feira, já anda por aí o 2º número da agenda da Guarda (Novembro). Produzida pela CulturGuarda, inclui a oferta instalada e de programação existente na cidade, no período em referência. Dispõe de uma organização temática que inclui a cultura nas suas várias vertentes, encontros / conferências / debates, desporto, formação, feiras e festas, "para os mais novos" e informação útil diversa, com destaque para a restauração e hotelaria. Para facilitar a consulta, acompanha um cronograma e um mapa sinalizado do centro da cidade. Uma ferramenta indispensável para os cidadãos residentes, visitantes, instituições, ou simples curiosos que, em menos de 10 minutos, quiserem ficar a par do que se passa na cidade e nunca ousaram perguntar. Mas para lá da sua óbvia utilidade, a existência de uma agenda como esta pressupõe uma série de benefícios, alguns dos quais passo a enumerar: centralização e sistematização da informação recolhida; maior atenção em relação à sobreposição de eventos, promovendo a sua coordenação prévia; sensibilização dos agentes empresariais e instituições locais para uma divulgação mais criteriosa e uma oferta mais diversificada de produtos e serviços; funcionamento em rede; reforço da identidade local; espaço ideal para quem quer divulgar eventos de menor dimensão e não tem outros meios para o fazer...
Este número está disponível aqui, ou mensalmente a partir do link no sidebar deste blogue. Quem avisa, amigo é...

Ambrosivs


Onde pára o Ambrósio da publicidade aos bombons Ferrero Rocher??? Lembram-se? Eis uma questão que me tem atormentado ultimamente. Alguém sabe alguma coisa do paradeiro deste mestre da dissimulação? Se souberem, façam favor de avisar. No meio dos circunlóquios a que esta magna interrogação me obriga, várias hipóteses se materializaram entretanto no meu espírito:
1º foi finalmente viver com a patroa (nunca este termo se aplicou com tanta propriedade);
2º foi comprar tabaco, sendo depois visto a rondar uma escola secundária com uma caixa de bombons;
3º dedicou-se à pesca e usa meias brancas;
4º casou com a criada e corta as unhas à janela, enquanto olha para o decote da vizinha de baixo;
5º tornou-se assessor artístico da patroa e é frequentador de leilões;
6º explora um salão de jogos e tem umas "gaijas" a render.

Ser

Ser é a suprema volúpia, mesmo com os pés nas brasas e uma coroa de espinhos na cabeça.

Aforismos, Teixeira de Pascoaes, selecção e organização de Mário Cesariny

Sarebbe bello vivere una favola - 21

domingo, 30 de outubro de 2011

Certeza

O que não aconteceu, nunca esteve para acontecer, e o que aconteceu, nunca esteve para não acontecer.

Aforismos, Teixeira de Pascoaes, selecção e organização de Mário Cesariny

Stalker

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A luta

A esquerda festiva e suburbana, com o testa de ferro Carvalho à frente, está a promover uma coisa chamada "Greve Geral". A exibição terá lugar no dia 8 de Novembro nos melhores cinemas. É de esperar que vá bramir por mais "dinheirinho" ao fim do mês, promoções a eito, nada de coisas complicadas como a flexisegurança, que façam mover os "instalados" do empreguinho para toda a vida para empregos viáveis, uns carros de som a debitarem as palavras de ordem de sempre, onde pontuam termos como "ofensiva", "direitos dos trabalhadores", etc., os sindicatos atarefados a inflacionar os números dos aderentes. Em conclusão, uma autêntica "jornada de luta" contra... contra... enfim, alguma coisa há-de ser, em versão Jacques Tati da Brandoa.
Melhor só o comentário no "Incontinentes Verbais", sobre este acontecimento:
"Uns ficam em casa a coçar a barriga, como forma de luta. Outros lutam para terem uma casa onde coçar a barriga."

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

As sandálias do gajo

Lido

 (clicar para aumentar)

Sobre a mais recente miragem nacional, pouco mais há a dizer. VPV no seu melhor.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A casa (12)

Sol-coração, pedra que lateja, / pedra de sangue que se torna fruto: / as feridas abrem-se a não doem, / minha vida flui semelhante à vida.

 E agora, meus olhos cantam. Inclina-te sobre o seu canto, lança-te à fogueira.

Surgem / uns tantos pássaros / e uma ideia negra.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A ração

Longe vão os tempos da 1ª República. Mas a tropa anda irrequieta com a perspectiva da ração diminuir e começarem as marchas forçadas. E está disposta mesmo a vir para a rua. Parodiando um daqueles desfiles do tipo pronunciamento, tão em voga naquela época. Só que desta vez à paisana, como manda a lei. E repare-se no discurso do porta-voz dos insurgentes, bem à medida do populismo de vão de escada: "vão mas é sacar a esses malandros dos bancos, a culpa é do Governo"..., etc. Sem lhes passar sequer pela cabeça que, em vez de atacar quem é parte da solução, deveriam era voltar-se para os verdadeiros responsáveis pelo problema: os políticos que conduziram o país ao abismo.

sábado, 22 de outubro de 2011

Brumário

De 22 Outubro a 20 Novembro

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Hora de ponta

Na Guarda existem alguns dos micro entupimentos de trânsito mais bizarros e estúpidos a que já assisti. Como exemplo, aquele que presenciei anteontem à tarde, junto à escola EB Santa Clara (vulgo ciclo preparatório), à hora da saída. Para quem não sabe, o cenário é uma pequena rotunda onde confluem três vias e o trânsito é mais do que fluido. Pois durante meia hora, no período em questão, havia carros estacionados em 3ª fila, pilotados por papás esperando a saída dos rebentos e receosos que os mesmos andassem mais do que 100 metros! Ora, depois da colecta, como todos queriam sair ao mesmo tempo, gerou-se o caos na rotunda. O trânsito ficou literalmente bloqueado! Nem para trás nem para a frente! Com muitas apitadelas pelo meio e valendo o desenrascanço de circunstância. Eu ia de passagem e fiquei 5 minutos apanhado naquela rede.  E nem um polícia sequer para pôr um pouco de ordem nesta "cacofonia", como diria Cavaco. Devem andar mais preocupados em reprimir os "tumultos" e defender as "regalias" de classe...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A casa (11)

 Caio e ergo-me, / ardo e afogo-me.

Não sou mais que uma pausa entre duas vibrações: o ponto vivo, o agudo, imóvel ponto fixo de intersecção de dois olhares que se ignoram e se encontram em mim.

Sou o espaço puro, o campo de batalha. Vejo através de meu corpo meu outro corpo.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Não às portagens!

Agora parece que é mesmo. Vêm aí as portagens na A23 e A25. Já que os argumentos da racionalidade económica e da coesão nacional não deram frutos, é preciso continuar a luta por outras formas. O interior não pode desaparecer do mapa. Portanto, vamos todos assinar a petição a enviar ao Primeiro-Ministro. Está aqui.

sábado, 8 de outubro de 2011

O lenço do gajo

O prémio

O Governo decidiu suspender os prémios aos melhores alunos do secundário, no valor de 500 Euros. A medida foi anunciada cinco dias antes da entrega dos prémios, cerimónia prevista para o dia 1 de Outubro. O Ministro da Educação justificou a decisão, prometendo que essa verba será "atribuída a projectos de escola, a projectos de apoio aos alunos e não devemos estar simplesmente a distribuir dinheiro". Não podia estar mais de acordo. Poder-se-ia levar esta filosofia de acção um pouco mais longe. Estou-me a lembrar dos generosos subsídios concedidos a associações de estudantes, quer do ensino secundário, mas sobretudo do superior. E também, de um modo geral, às associações juvenis do mais variado tipo que são financiadas pelo IPJ, sem nenhum tipo de supervisão dos gastos. Ou então, se ela existe, é puramente retórica. E acreditem que sei do que estou a falar. Ou seja, esta pródiga subsidiação da juventude, que só obscuras razões - maxime a manutenção e fixação de clientelas eleitorais - explicam a persistência num período de vacas magras, devia acabar de vez. Apertando-se nos recursos financeiros disponíveis e nos critérios utilizados.
Relativamente ao episódio dos "prémios de mérito", gostaria ainda de acrescentar algumas reflexões. Qualquer aluno, seja do ensino público ou privado, deveria ter presente que ter boas notas não é mais do que a sua obrigação. E que se forem mesmo muito boas, basta o prémio da sua satisfação e da que proporciona à sua família. Traduzir isso em expressão monetária, com o aval do Estado, é ir por caminhos perigosos. Sobretudo sabendo-se que o actual sistema de ensino prima pelo facilitismo e pela descida da bitola da excelência, atendendo à menorização dos bons alunos, em benefício dos outros e dos "casos problemáticos" e ainda às sacrossantas estatísticas do (in)sucesso escolar. Por outro lado, ser bom aluno, sobretudo no ensino secundário, não quer dizer necessariamente ter as melhores notas. Significa que existe um equilibro entre a expansão do conhecimento e o crescimento como pessoa e como cidadão. Significa que, a haver prémios, não deveriam ir para os marrões, mas para os que sobressaíram enquanto unidade compósita de competências.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A casa (10)

 Vem voa ascende desperta / Rompe diques avança

 Estou parado no meio desta linha / não escrita

Não vimos senão relâmpago / não ouvimos senão o entrechocar de espadas da luz

O viajante é quem mais ordena

Algumas notas, ainda a propósito da recente emissão do programa "O Humor e a Cidade", de José de Pina, dedicado à Guarda, objecto da postagem anterior. Já vi por aí alguns comentários a propósito de o humorista não ter ido aqui e acolá, nomeadamente à Sé. Até já vi questionado o facto de ter ido a Belmonte. Vamos por partes. Esta última objecção reflecte um dos lastros crónicos na mentalidade local: o paroquialismo, as guerras dos "castelinhos", ou das capelinhas, se quiserem. Ou seja, uma visão empobrecedora do que deveria ser uma autêntica dinâmica regional. Conseguida graças a uma composição harmónica das diferenças e não da sua oposição. A primeira crítica, por sua vez, ilustra uma postura territorial e proprietária, muito própria do beirão, mas que abunda em excesso por aqui. Como se a cidade e a Sé fossem "nossas"! Sim, claro, são-no inteiramente, mas só na poesia. Quanto ao resto, quer vivendo ou não na Guarda, pode-se e deve-se certamente amá-la, querer o melhor para ela. Mas sempre na posição de quem usufrui de um espaço urbano como um privilégio. De quem "está" nele numa feliz passagem. E no caso do património, como um depositário do seu significado e da sua integridade. Sejam os cidadãos ou, muito especialmente, as instituições a quem incumbe esse papel, a cumprir esse desígnio. Portanto, a Guarda não é "nossa". É da humanidade. Tal como foi das gerações passadas e sê-lo-á das futuras. Cabe-nos somente assegurar que assim seja.
Relativamente às opções seguidas no programa e que mereceram as críticas referidas, há algo mais a adiantar e que serve para ambas. Tudo me leva a crer que José de Pina, quando vai a esta ou aquela localidade, já leva o "guião" do programa na sacola. Ou seja, os temas e motivos a abordar já estão previamente definidos. Obviamente que, se o guião já vai feito, o roteiro é alinhado no terreno, como se compreende. Sobretudo quando se trata de visitar determinado restaurante ou estabelecimento nocturno. Mas a trama essencial já vai montada. E nem podia ser de outra forma. O viajante é soberano na sua deambulação. É essa a sua marca genética. Mesmo que, como no caso deste programa, se detecte um padrão nas visitas: idas a restaurantes, uma ou outra particularidade local, seja um monumento, uma tradição ou um simples objecto, muita subjectividade, informalidade, uma incursão pela vida nocturna, etc. Como se vê, o "programa de festas" está longe de corresponder ao de uma abordagem convencional, didáctica, exaustiva, com alguma solenidade pelo meio. É antes uma errância descontraída, bem humorada e naif pelos locais eleitos, mesmo que frequentemente crítica. Ao melhor estilo dos programas congéneres dos canais temáticos de viagens. 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

José de Pina na Guarda



Costumo acompanhar esta excelente rubrica. Desta vez, o "routard" Pina veio até à Guarda, com uma incursão a Belmonte. É caso para dizer que já cá tardava. O pior foi o índice de triglicéridos, no final. E mais não digo...

Autopsicografia

O poeta é um fingidor. Só porque o desencanto nunca é filosófico, mas poético. Porque apenas a poesia é capaz de apresentar as contradições sem as resolver. Compondo-as numa unidade superior, elusiva e musical. Enquanto esse desencanto, ao mesmo tempo que corrige a utopia, moderando o seu pathos profético e finalista, reforça o seu elemento fundamental, a esperança. Pois que a esperança não nasce de uma visão do mundo tranquilizadora e optimista, mas sim da dilaceração da existência, vivida e sofrida sem véus. A que cria uma irreprimível necessidade de resgate perante o mal. O mal que é simplesmente a radical insensatez com que se apresenta o mundo. A mesma que exige que a perscrutemos em profundidade. O poeta é um fingidor, nada mais. Porque não hesita em denunciar uma ferida profunda que lhe coloca dificuldades na realização plena. Tanto mais que "ambicionar viver é coisa de megalómanos", como escreveu Ibsen, querendo com isto talvez dizer que só a consciência do árduo e temerário que é aspirar à vida autêntica pode permitir que nos aproximemos dela. Tão completamente que até parece dor a limalha irisada que nos cobre, nesse momento. Como que numa exclamação incontida de glória...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Km 90

 Agosto de 2003
Setembro de 2011

Duas viagens, duas mochilas, dois tempos, o mesmo Caminho. Descubram as diferenças e as semelhanças.

Quando os bons exemplos não vêm de cima

A curta detenção de Isaltino Morais é dos episódios mais caricatos com que a Justiça brindou o país nos últimos tempos. A juíza de Oeiras que deu a ordem de detenção tornou-se, aparentemente, o bode expiatório desta trapalhada. Mas ninguém ouviu uma palavra ao presidente do STJ, ao PGR (que neste caso aparece realmente como uma Rainha da Inglaterra) e, sobretudo, ao Tribunal Constitucional. Que neste episódio andou muito mal. Ou seja, perante dois recursos na mesma questão, um com efeito devolutivo e outro com efeito suspensivo, decidiu primeiro sobre o primeiro, quando deveria ser ao contrário. O que terá induzido a Juíza em erro, embora não desculpe a desatenção.

A casa (9)

 Negro o céu / Amarela a terra / O galo rasga a noite

 Acesa a árvore estremece /Já a noite a circundou / Ao falar com ela falo contigo

 
O céu esmaga-nos, / a água sustém-nos.

domingo, 2 de outubro de 2011

A mostra paleontológica

Os comunas lá desceram ontem à rua. Muito protesto e tal dos "trabalhadores", ressabiados do costume e gente que, de um modo geral, ainda não descobriu que o exemplo da diferença parte de cada um de nós. E que já não existe riqueza excedentária para redistribuir! Mas Aleluia! Com "movimentos de massas" desta dimensão, Portugal ficará a um passo de ultrapassar as trapalhadas financeiras em que se afundou, graças ao modelo alucinado de desenvolvimento posto em prática por políticos irresponsáveis nos últimos 30 anos. Estas "manifs" são como que um passe de mágica! Graças ao fulgor geriátrico destes desfilantes patuscos fósseis! Ah, mas o inevitável factotum Silva (Carvalho para os "camaradas") esteve lá. E até adiantou "númbaros": à volta de 180 mil en la calle, diz ele. Ups, tantos!... Não será efeito do Viagra?