quinta-feira, 28 de abril de 2011

A família do gajo

O fumo dos outros

Lembram-se quando, há três anos atrás, o processo de aprovação da Lei 37/07, de 14 de Agosto, conhecida como lei "anti-tabaco", foi tema fracturante na opinião pública, maxime na blogosfera? A minha posição balanceou, na altura, entre a aprovação - um bom momento para fazer coincidir o facto de ter deixado de fumar há pouco com a extensão da restrição do consumo de tabaco em locais públicos - e a crítica ao propósito algo higienista que, no meu entender de então, motivou a aprovação da Lei. No final, tendi para a aceitação da nova regulamentação, sobretudo porque o direito ao bem estar e à saúde deve prevalecer perante o direito do consumidor/fumador de ver satisfeita sua adição. O acerto desta tomada de posição veio reforçado com a afirmação dos tremendos benefícios de ter parado de fumar, neste post, um ano depois. Ora, é sabido que, no início, a Lei funcionou razoavelmente, incluindo os sistemas de exaustão. Ainda que a sua homologação só viesse a ser regulamentada posteriormente. Talvez porque o temor de uma visita da ASAE pusesse de sobreaviso os proprietários dos estabelecimentos mais incautos. Com o tempo, veio a impor-se a tradicional "vista grossa" à portuguesa. Isto é: generalização da permissão de fumar em bares, cafés e estabelecimentos de diversão, sem que os sistemas de exaustão cumpram os requisitos legais e ficando mesmo longos períodos desligados, para "economizar" energia; inexistência de áreas destinadas a não fumadores nesses estabelecimentos. Para agravar o cenário, é precisamente na cidade onde vivo - a Guarda - que os abusos mais acontecem. Há dias, durante a quadra pascal, percorri alguns estabelecimentos nocturnos da cidade. Em todos eles, sem distinção, o ambiente de fumo era insuportável. Olhava para o lado e via toda a gente a fumar. E nem um exaustor a funcionar!... Mas enquanto bem sentia nos olhos e nos pulmões o ambiente criado, os fumadores pareciam ignorar os efeitos nocivos do seu consumo. Como se a névoa fizesse parte da mística da noite. Como se, para lá da sua satisfação, mais nada houvesse que respeitar. Devo dizer que esta atitude, mesmo reveladora de um profundo egoísmo, não é a razão principal deste ambiente irrespirável. Afinal, se fumam é porque sabem que o podem fazer. Os verdadeiros responsáveis são os proprietários desses estabelecimentos. Os quais, permitindo fumar, muitas vezes por razões comerciais, não tomaram as devidas precauções impostas pela lei. Os quais, centrados no peso da caixa registadora, ignoram o facto de poderem perder tantos clientes como aqueles que angariam.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Stalker

terça-feira, 26 de abril de 2011

Probabilidade

As coisas são possibilidades realizadas contendo inúmeras possibilidades realizáveis.

Aforismos, Teixeira de Pascoaes, selecção e organização de Mário Cesariny 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Aniversário

Contam-se pelos dedos de uma só mão as vezes que, neste blogue, se fazem postagens como esta. Ora, é sabido que o valor anda de mãos dadas com a raridade. Com umas escapadelas estatísticas pelo meio. Mas vamos ao que interessa. O senhor da fotografia, para quem não sabe, chama~se Américo Rodrigues. Faz hoje precisamente 50 anos. É um amigo dentro e fora deste blogue. E um cúmplice de longa data do escriba, em inúmeros "crimes" de lesa-cultura, nesta cidade da Guarda. Arrasta consigo uma carreira artística e profissional invejável. Mas, não menos importante (vou ter que repetir isto, mas o que é que se há-se fazer?), é o maior responsável pelo facto de a Guarda ter um acesso digno à cultura, ter escapado ao mofo clerical e burguês novecentista, conseguir por vezes um cheirinho de cosmopolitismo, ser uma referência nacional em matéria de política cultural. Não acreditam? Olhem que é mesmo verdade verdadinha! Ora, no dia 25 de Abril vai-lhe ser entregue, pela Ministra da Cultura, a  Medalha de Mérito Cultural respectiva. Nem a propósito! Parabéns Américo e que contes muitos!...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Florial

de 20 de Abril a 19 de Maio

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O espelho

Em alguns blogues de referência da Guarda continuo a detectar um padrão de comentários. Ou seja, na caixa respectiva, os multi identitários anónimos vêm, de mansinho, e a coberto de responsabilidades, lançar a suspeição, a dúvida, o aviltamento. Alimentar autos de fé particulares com mais gasolina. Colocar mais merda no ventilador, como dizem os nossos confrades brasileiros. Os temas são invariavelmente a política e os políticos locais. A dança dos cargos e das sinecuras. As prebendas e as comendas. A transumância das influências e dos notáveis. Se este ou aquele gere bem a sua capelinha. Se a terrinha do anónimo é melhor do que as outras. Porque dotada de líderes clarividentes, bem colocados na roda dos mandarinetes paroquiais em exercício. Medíocres incensados pelas estruturas de veludo partidário. Pequenos e médios orgiastas e régulos avulso, que num país decente não passariam da tarimba e da continência. Porque as tais terrinhas possuem uma dinâmica imparável. Porque são um autêntico berçário de virtudes, diante das quais as terrinhas confinantes deveriam somente praticar a inveja, ou, no limite, a genuflexão regulamentar. A razão profunda para esta pobreza de ideias e de projectos, está onde? Na inveja e na pequenez. Algo que  Pacheco Pereira retratou recentemente de forma exemplar no seu blogue: (...) a inveja era um poderoso sentimento nacional, impulsionada pela fome social e pelo ressentimento. (...) não nos enxergamos. (...) o subdesenvolvimento estava na enorme preguiça mental que atravessa tudo, da comunicação social à política. (...) num país em que somos todos primos uns dos outros, é difícil a democracia. (...) os bens são escassos e a fome é muita. Portanto, se o mal é nacional, na Guarda é trágico. A qualidade dos políticos é sofrível. A maioria depende dos cargos que ocupa e das influências e notoriedade (muitas vezes de papelão) que por essa via conseguem. Mas não existe um espaço público onde essa realidade seja discutida olhos nos olhos. Portanto, a solução é ir para as caixas de comentários dos blogues e anonimamente depositar o fel, açaimar o boato, empilhar a suspeição, promover interesses e amigos. Afinal, o anonimato até pode prevenir um futuro convite para o lugarjinho, ou axim. Ou seja, pouco mais do que o reflexo distorcido da mesma realidade que se pretende denunciar. Quando aquilo que falta na Guarda é precisamente a audácia, o destemor, a iniciativa, romper o compadrio, trabalhar, criar mais valias...

O kit transgeracional do gajo

Tragédia em um só acto

Sendo "normal" a vitória de Cavaco Silva nas presidenciais de Dezembro, sem dúvida que Fernando Nobre foi o seu grande protagonista. Pelo capital de esperança que reuniu, pela extraordinária mobilização alcançada, pelo score, por ter "secado" o candidato oficial da esquerda. Mas também pela sensação que ficou a pairar de que a luta iria continuar. Luta em prol de novas formas de intervenção política, para lá dos partidos. Luta pela colocação da solidariedade e da coesão social como motivos centrais na política. Luta para que a cidadania fosse encarada não só como participação passiva, também como uma espécie de direito natural, irredutível, pessoal e exequível por si próprio. A extraordinária novela Michael Kohlhaas, de Heinrich von Kleist (1777-1811), ilustra perfeitamente esta ideia. Todavia, ao aceitar o convite do PSD para cabeça de lista em Lisboa, eis que FN sucumbiu às armadilhas de um sistema que ele tanto criticou. E se o gesto foi um erro colossal, a forma como o tem gerido é absolutamente trágica, cavando para si uma capitis diminutio sem remédio e sem glória. Por várias razões: 
1º Logo à cabeça, nunca explicou devidamente aos seus apoiantes a sua inflexão. Ao ter encorajado, no pós eleições, a criação de uma rede informal de cidadania,  revelou, ao invés, surpreendentes tiques autistas e um enorme desprezo por quem nele acreditou; 
2º Ao envolver-se na vida partidária, hipotecou, de forma inexorável, as hipóteses de sair vencedor nas próximas eleições presidenciais, cuja preparação e "estágio de maturação" deveria ser a sua 1ª prioridade;
3º  Materializou-se um receio que já havia pressentido durante a campanha. Ou seja, detectei alguns tiques de culto da personalidade e de um messianismo próximo da irracionalidade de seita. Situações a que sou particularmente sensível e adverso. É certo que, em grande medida, a responsabilidade não foi de FN, mas da sua mensagem por vezes um pouco vácua, proselitista e, por isso, dada ao populismo. Que atraiu esse género de seguidismo quase religioso por uma boa parte dos apoiantes. O que não encaro de forma alguma com leviandade ou censura. A questão é que Nobre não soube estar à altura deste conjunto diversificado de enormes expectativas que muitos depositaram nele. Com esta sua recente deriva, levou a que quem continue a acreditar nele o faça por razões de fé e não como uma opção racional, livre e esclarecida.
4º A desastrosa declaração de que a sua eleição como deputado seria uma simples formalidade para ser nomeado como Presidente da AR. Descartando assim essa qualidade se não for eleito 2ª figura do Estado. Pior a emenda do que o soneto. E que revela várias coisas, igualmente preocupantes: passar por cima dos mecanismos de representação democrática e da sua génese; querer alcançar pela porta do cavalo o que não atingiu numa eleição; desconhecimento total da natureza do cargo que pretende assumir e dos consensos necessários para a designação; não ter em conta os anti-corpos que criou na classe política durante a campanha eleitoral; dar de barato que "os fins justificam os meios", mas esquecendo-se de que, não havendo fins, a não ser a possível nomeação para um estéril cargo regimental, os meios se justificam a si próprios. Da pior maneira possível, como soe fizer-se. Espero bem que a causa da "vida política para além dos partidos" tenha, no futuro, líderes mais nobres.

domingo, 17 de abril de 2011

A oficina do gajo

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Vento

Só a música define o indefinido, sem ele deixar de ser indefinido; e a matemática calcula o que permanece incalculável; e a poesia canta o silêncio, que se conserva silencioso.

Aforismos, Teixeira de Pascoaes, selecção e organização de Mário Cesariny

Além

Os penedos não são felizes. Vede-os contraídos numa trágica forma em que sobressai o vazio ponderável da sua massa empedernida. E a montanha de que o penedo é uma parte? E o planeta que é um prolongamento da montanha? E o Universo? E depois?

Aforismos, Teixeira de Pascoaes, selecção e organização de Mário Cesariny 


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Stalker

Lido

(...) não é líquido que aquilo que fez muita gente abjurar de Sócrates não seja também uma ilusão: que, deitando Sócrates abaixo, se impedirá muita austeridade. Que papel tem a ilusão de que as coisas serão melhores, como por milagre, removendo o “mau”? Ou que, pelo menos, serão adiadas medidas duras, dentro da velha máxima que enquanto o pau vai e vem folgam as costas? É que o outro lado da nossa desgraça é que não existe uma verdadeira força endógena para a mudança que suporte os melhores, que dê suporte eleitoral ao que é difícil mas necessário. Depois não vale a pena andarmos-nos a queixar dos maus políticos. São aqueles que escolhemos.

Pacheco Pereira, no "Abrupto"

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Stalker

Crimes banais

Uma das características principais dos mistificadores, muitas vezes confundidos com os sonhadores, é quererem, à força, ver nas coisas o que lá não está, nem nunca estará. Arrastando os outros nessa vertigem. Muitas vezes o engano só serve para a composição da paz interior, para o sossego da própria mente. As consequências do facto, comprovadas pela História, são devastadoras. Pelo contrário, os verdadeiros sonhadores, um pouco como os piratas, são terrivelmente pragmáticos. Ou seja, distinguem-se por verem nas coisas o que já lá está, mas os outros ainda não viram. "Roubando" descaradamente a percepção aos que os rodeiam, para depois distribuir o saque e repartir a ambição. Todavia, se nessa matéria estamos conversados, noutro desiderato contíguo é mais difícil a arrumação. Refiro-me à tendência para vermos nos outros qualidade e atributos que não têm. Justamente para ilustrar um tese ou rendilhar uma mentira útil. Só conheço uma coisa ainda mais nociva:  conseguir ver nesses outros unicamente os seus defeitos e limitações imaginários, mas não descortinar os reais.

sábado, 9 de abril de 2011

Stalker

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A arte da fuga

A fuga tem duas predestinações mais ou menos aceites pelo imaginário popular: a evasão penitenciária e o itinerário da consumação plena de alguma paixão fulgurante, que não espera pela aprovação das circunstâncias onde nasceu. Ambas são depositárias da rêverie romântica, ao jeito de Dumas, ou Camilo, respectivamente. No entanto, só a segunda encerra o núcleo essencial do amor trovadoresco. Ou seja, a representação do amor tal como o Ocidente o conhece, nascida algures na Provença do séc. XII. O maior problema destas movimentações, antes feitas a cavalo e hoje perfeitamente motorizadas, é que ninguém fala do local de chegada. Nada se sabe do que aconteceu "depois". Ou seja: o normal é dizer-se: "fulano e sicrana (ou fulano e sicrano, ou sicrana e fulana, sim, é melhor ampliar as variáveis politicamente correctas, não vão as associações "do sector" cair-me em cima) fugiram os dois anteontem, abandonando tudo". Descontado o pleonasmo da última parte, raramente o local de chegada, ou o desenvolvimento da história romanesca, são tema de conversa, ou mesmo objecto de curiosidade. Porque será? Pudor? Seria bom demais. Desinteresse? A proliferação de romantismo de cordel e das revistas cor de rosa desmentem a hipótese. A minha aposta vai para outra possibilidade, aparentemente menos óbvia: o mito do "foram felizes para sempre" impõe aqui a sua cortina de silêncio cúmplice. É que, se a fuga denota arrojo, também comporta um risco. E quem se arrisca não o faz sem uma determinação acima do cálculo e à margem da decepção. E não é menos verdade que o heurístico "happy end" é a homenagem possível que a resignação videirinha dedica à grandeza. Ou que uma curiosidade indisciplinada consagra ao que já pertence a uma ficção demasiado próxima da realidade.  Portanto, para todos os efeitos, "viveram felizes para sempre". Porquê? Don't ask, don't tell!. Caso encerrado.

Sarebbe bello vivere una favola - 19

Rating de veludo

É como tudo. Até mesmo os apertos financeiros, que empurram o país para uma espécie de protectorado da boa vontade internacional, têm o seu lado positivo. Vejamos porquê. As conversões, as iluminações, as combustões espontâneas, as apostasias, as revelações místicas, as hierofanias inexplicáveis e outros fenómenos congéneres têm, quase sempre, um tronco comum. Acreditemos que sim. Ainda que, neste caso, encimado por uma carinha laroca... Aconteceu à hora de almoço. No meio do habitual zapping, deparei com a proverbial TVI. Exactamente no momento em que irrompeu a Marta, correspondente da Agência Financeira, por entre as resmas de pixels do ecrã. Ah, momento sublime!!! Ah, perdição que tomaste conta de mim!!! Como foi possível? Ah, o doce desespero, a altura, o mar, a soberania do acaso... Coisas não fechadas, abertas de par em par, como se o peito rebentasse... Quando me recordo do eco, que antes palavras como "ratings", "flutuações cambiais", "índice Dow Jones", "abrir em baixa", "cair em alta", "títulos transaccionados", "praça de Tóquio", tinham em mim!... Quedas consentidas, subidas fulgurantes, lances virtuais que compunham uma linguagem fantasmática, estéril, que produzia tantas emoções no meu ser como um algoritmo matemático ou a leitura das indicações terapêuticas de um anti-inflamatório. Ou seja, o mesmo que uma ladainha numa língua ininteligível. Uma cifra cuja repetição cadenciada induzia a memorização da forma, a neutralidade do fonema oco. Uma frenética liturgia do capital, sem templos nem genuflexões, ampliada pelos holofotes do espectáculo. A narrativa possível para o vazio. Mas tudo isso acabou, mal vi a Marta... O que era asséptico tornou-se um sopro e um arrepio, o que era inatingível ficou ao alcance da mão... Enfim, das trevas nasceu a luz, essa é a mais pungente realidade, meus amigos. Apesar dos seus "espirros", das amoráveis hesitações, dos "portantos", do à vontade esforçado... Mas será que a verdadeira beleza dispensará uma ligeira imperfeição para se fazer anunciar? E pronto, já só ambiciono ser o corretor preferido das suas primícias... Ah, crise bendita!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Stalker

Menos

O infinito é ele menos o metro em que avultamos; a eternidade é ela menos a hora em que vivemos...

Aforismos, Teixeira de Pascoaes, selecção e organização de Mário Cesariny

O eco

 A vida é uma queda da energia brutal, sorriso que ficou da gargalhada, reflexo de um incêndio longínquo.

Aforismos, Teixeira de Pascoaes, selecção e organização de Mário Cesariny

Novamente a mochila do gajo

terça-feira, 5 de abril de 2011

A mentureira

Já quando andava no Liceu, a matemática era para mim um pesadelo. Mais tarde, já na Faculdade, as assombrações continuaram, por via das disciplinas da área económica. Sempre detestei a Economia. Uma ciência tão inútil como a morte. Mas que, no essencial, não deixa de ser uma realidade perfeitamente... paralela. Vai daí, soube hoje que, por aplicação da tabela das agências internacionais de rating, estas fizeram descer a notação financeira de Portugal, de 'A3' para 'Baa1'. O País fica assim a três degraus da classificação de "lixo"! A sunny junk country, man! Note-se que essas mesmas agências são as que, em 2008, antes da "bolha", avaliavam o tóxico subprime com a classificação AAA. Vejam o magnífico documentário "Inside Job" e perceberão como o esquema circular funcionava. Portanto, estamos à beira de acabar num anódino quintal das traseiras do mundo financeiro, convenientemente escondido dos convidados da boda. O que custa, no meio desta excitação pré-insolvente, é perceber que os investidores de Wall Street ou de Singapura conhecem melhor a nossa realidade económica do que os cidadãos deste cantinho à beira mar enxertado. Um realidade demasiado dura para a nossa mansidão e que os Governos têm vindo, piedosamente, a ocultar. Talvez pensando, que, como eu, os portugueses não gostem de fazer contas...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

domingo, 3 de abril de 2011

O espectáculo da populaça

Só para se ajuizar da qualidade informativa dos nossos meios de comunicação, basta ver o que se está a passar nas televisões esta noite. Em vez de cumprirem a sua obrigação - informar, divulgar, recrear - estão centradas nas comemorações de uma vitória, ao que parece, no mundo do futebol. As hordas com as cores de uma conhecida agremiação de bairro mais a norte eram mostradas ad nauseum. Enquanto vociferavam e grunhiam como se tivessem ganho o euromilhões. Manifestações festivas? Não! Expressão de ódio, chauvinismo e incultura cívica. Na cidade onde vivo, a escassez dos cidadãos que se juntavam em comitivas automóveis era compensada pelo ruído que produziam. Que ultrapassou as horas legalmente permitidas para tal. Entretando, as TVs iam convidando notáveis dessa agremiação regional dada à corrupção, para debitarem inanidades avulsas. Ou seja, a prova de como o insucesso escolar é premiado quando se trata de distrair os papalvos. Em síntese, é espantoso como as TVs da praça dão ampla cobertura a este espectáculo  degradante. Como se nada mais se passasse no universo. Uma vergonha!...