Começo por uma explicação sumária do socratismo. O socratismo consiste num sistema político de poder análogo àquele que vigora na Rússia: é um putinismo brando. A sua versão socratina tem um esquema teórico-prático simples: uma super-estrutura política, um nível intermédio da Maçonaria, dos media, da finança e das cúpulas judiciais, e uma infra-estrutura de informações. A superestrutura tem um círculo interior, ramificações de fidelidade e lóbi, e convivas aliados nos agrupamentos adversários (CDS-PP, PSD, Bloco de Esquerda e PC). A Maçonaria (a irregular e a regular) no seu culto do poder, comércio de favores e agenda radical, providencia uma rede subterrânea de protecção e atenuação de tensões. Os media são controlados directa e indirectamente, através de financiamento, administradores e editores de confiança. A finança troca o seu patrocínio e dependência política pelo saque. E das cúpulas judiciais espera-se que contenham ataques e exerçam a acção punitiva sobre os adversários. Mas na base do poder socratino estão as informações. É este o segredo do socratismo, que se procura esconder com o máximo esforço e cuidado, «por questões de segurança» : as informações são a força de suporte e projecção do seu feixe de poder.
António Balbino Caldeira, no "Do Portugal Profundo", a propósito das denúncias públicas de uma central de informações do Governo
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