A história é exemplar e vem oportunamente contada aqui. Há poucos dias, organizado pelo centro Regional de Segurança Social da Guarda, decorreu um passeio de barco pelo Douro, entre Barca d'Alva e o Pocinho. Os passageiros eram crianças do distrito oriundas de famílias carenciadas. O evento teve inclusive honras de reportagem na SIC. Para que conste, devo dizer que nada tenho contra estas iniciativas. Bem pelo contrário, sou apologista de que, com as crianças, a generosidade nunca é demais.
Mas o passeio teve um protagonista: o inefável José Albano. Para quem não sabe, trata-se de um verdadeiro artista. Depois de andar aos caídos em Celorico da Beira, resolveu "entrar para o política", como se diz em bom vernáculo. E em boa hora o fez. Pois apadrinhado nos locais certos da nomenclatura socratina, e graças a algumas manobras, chegou à presidência da Federação Distrital do PS. E daí até aparecer como número dois da lista concorrente às legislativas foi um passo. E eis como alguém sem competências profissionais, cientificas ou cívicas de vulto chega a deputado da Nação.!... Se lerem alguns capítulos de "Uma Campanha Alegre" de Eça de Queirós, depois incluída nas "Farpas", saberão o que é preciso fazer para se chegar ao cargo. Naquela época tanto como agora. Mas eis que, passado um ano, Albano deserta do hemiciclo e dos calores da capital. Para regressar então ao torrão natal. Para explicar o sucedido, várias hipóteses se colocaram: um epígono de Jacinto regressado a Tormes? Um arroubo de consciência pô-lo a dar assistência gratuita ao seu eleitorado? Um caso exemplar de renúncia aos bens terrenos, antes da austeridade do voto de pobreza? Tudo possibilidades comoventes, não haja dúvida!... Porém, desenganem-se desde já, caros leitores! O Albano não dorme em serviço! Regressou, sim! Mas com os olhos postos na sinecurazinha da ordem que lhe acenava, fremente, à sua espera. Sabem qual? A Direcção Regional da Segurança Social da Guarda!... Neste ponto, confesso que estou quase a chorar... Mas a história, pelos vistos, só agora começou. Para o nosso herói, o momento é propício a que a política não política seja a continuação da política. Ou seja, que o exercício de um cargo não político na Administração seja a continuação da política por outros meios. E o Clausewitz que me perdoe estes abusos de exegese.
Mas voltemos ao tema que aqui me traz. Qual o significado da exposição mediática de Albano no passeio? Decerto o ex deputado não se chegou à frente para dar uma Ted Conference, numa paisagem de luxo, sobre um tema a propósito. Até porque tenho dúvidas que a criatura saiba o que isso seja. Não tenhamos ilusões. O novo Director resolveu fazer política pura e da forma mais demagógica e rasteira que é possível. Como já dei a entender, a iniciativa poderia ter decorrido sem os holofotes da comunicação social por perto. Para isso, bastaria que o Director Regional não estivesse lá. Logo isso demoveria a comunicação social de aparecer. Havendo declarações do responsável regional, fá-las-ia fora do contexto físico da actividade. Mas o nosso Albano não resistiu aos holofotes. Nem sequer lhe passando pela cabeça que as crianças, assim expostas numa acção que deveria ser tão somente de sensibilização, podem ser objecto de estigmatização no futuro. E que ele não está a dar nada a ninguém que lhe saia do bolso, mas tão só a gerir recursos públicos para fins assistenciais. E que a primeira qualidade do benemérito (que ele não é nem nunca será) é a humildade.
Mas o passeio teve um protagonista: o inefável José Albano. Para quem não sabe, trata-se de um verdadeiro artista. Depois de andar aos caídos em Celorico da Beira, resolveu "entrar para o política", como se diz em bom vernáculo. E em boa hora o fez. Pois apadrinhado nos locais certos da nomenclatura socratina, e graças a algumas manobras, chegou à presidência da Federação Distrital do PS. E daí até aparecer como número dois da lista concorrente às legislativas foi um passo. E eis como alguém sem competências profissionais, cientificas ou cívicas de vulto chega a deputado da Nação.!... Se lerem alguns capítulos de "Uma Campanha Alegre" de Eça de Queirós, depois incluída nas "Farpas", saberão o que é preciso fazer para se chegar ao cargo. Naquela época tanto como agora. Mas eis que, passado um ano, Albano deserta do hemiciclo e dos calores da capital. Para regressar então ao torrão natal. Para explicar o sucedido, várias hipóteses se colocaram: um epígono de Jacinto regressado a Tormes? Um arroubo de consciência pô-lo a dar assistência gratuita ao seu eleitorado? Um caso exemplar de renúncia aos bens terrenos, antes da austeridade do voto de pobreza? Tudo possibilidades comoventes, não haja dúvida!... Porém, desenganem-se desde já, caros leitores! O Albano não dorme em serviço! Regressou, sim! Mas com os olhos postos na sinecurazinha da ordem que lhe acenava, fremente, à sua espera. Sabem qual? A Direcção Regional da Segurança Social da Guarda!... Neste ponto, confesso que estou quase a chorar... Mas a história, pelos vistos, só agora começou. Para o nosso herói, o momento é propício a que a política não política seja a continuação da política. Ou seja, que o exercício de um cargo não político na Administração seja a continuação da política por outros meios. E o Clausewitz que me perdoe estes abusos de exegese.
Mas voltemos ao tema que aqui me traz. Qual o significado da exposição mediática de Albano no passeio? Decerto o ex deputado não se chegou à frente para dar uma Ted Conference, numa paisagem de luxo, sobre um tema a propósito. Até porque tenho dúvidas que a criatura saiba o que isso seja. Não tenhamos ilusões. O novo Director resolveu fazer política pura e da forma mais demagógica e rasteira que é possível. Como já dei a entender, a iniciativa poderia ter decorrido sem os holofotes da comunicação social por perto. Para isso, bastaria que o Director Regional não estivesse lá. Logo isso demoveria a comunicação social de aparecer. Havendo declarações do responsável regional, fá-las-ia fora do contexto físico da actividade. Mas o nosso Albano não resistiu aos holofotes. Nem sequer lhe passando pela cabeça que as crianças, assim expostas numa acção que deveria ser tão somente de sensibilização, podem ser objecto de estigmatização no futuro. E que ele não está a dar nada a ninguém que lhe saia do bolso, mas tão só a gerir recursos públicos para fins assistenciais. E que a primeira qualidade do benemérito (que ele não é nem nunca será) é a humildade.
Sem comentários:
Enviar um comentário