quarta-feira, 26 de maio de 2010

Percorrendo a blogosfera

Calcorrear a blogosfera é uma fonte de surpresas. Algumas delas têm vindo a ser aqui divulgadas regularmente. Acontece quando o desejo de partilhá-las com os leitores voa mais alto. O que nem sempre coincide com a oportunidade. Nesse lote, incluo tendências, sinais, padrões. Vejam-se então dois casos:
1. Sucede com alguma frequência abrir um blogue e apanhar imediatamente com o som ambiente com que o autor ou autores decidiram brindar o visitante. Não me parece ser essa uma boa prática. É como inundar a casa de decibeis sempre que se recebem visitas, sem passar pela cabeça que estas podem preferir o silêncio. Se a partilha de escolhas musicais fizer parte do perfil do blogue, tal como desejado pelo seu autor, existem soluções alternativas: colocar um ou vários plug in, seja do You Tube ou em formato Quick Time, iniciados por exclusiva opção do visitante; colocar ícones a apontar para rádios em streaming; colocar simples links direccionados para os conteúdos propostos, etc.
2. No "segmento" da blogosfera a que chamo intimista, noto amiúde uma enorme confusão entre intimidade e memorialismo (este mais confessional). No primeiro caso, pespega-se com uma prosa poética semi-melada, normalmente com destinatário certo. Coloca-se umas pitadas de onirismo de estufa, à mistura com uns avanços "sexy hot" e fotos "de partir o coco". No vocabulário, abunda o "tu", "azul", "corpo", "beijo", "esta noite", "muro", "escaldante", "verão", "sonhos", "ao teu lado", etc. Aqui vai um exemplo : quero conseguir ouvir-te murmurar o meu nome. e tu, consegues ouvir-me? não me deixes partir. sempre te segurei na tristeza de não conseguires ver-me. e...se me trouxesses aquele mar de outrora e eu encontrasse o teu joelho como que por acaso...renasceriam braços e olhos de encantamento para apertar fraquezas, sentir-te tremer e ver-te dormir. depois dum dedo num canto da minha boca. Que tal? Devo dizer que a menção ao joelho me transportou ao célebre conto "Alma Grande", de Torga. Espero que não haja nenhum "abafador" metido na história... Ora, a marca que separa as águas, meus amigos, é muito simples: mandar postais com feromonas ou viajar em voz alta. Desenrolar a língua pelas palavras, estendê-las à mercê de uma vaidade viscosa, embuçada, ou então soltar a serpente pelas palavras, outras, ser mordido, morder, espantar, ilusionar, ir atrás, com a cobra na mão, sobreviver às estações fatais, enquanto alastra a silenciosa desordem das células... Snake snake, aí vai ela...

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