Para além de uma função comunicacional, mais óbvia, os blogues desempenham uma outra, mais subterrânea, menos propagandeada: são uns excelentes sacos de boxe. Há muita gente a zangar-se nos respectivos blogues, em sincronia ou isoladamente. Mas não entre si. Bom, às vezes também, mas normalmente sem consequências, a não ser no apuro dos respectivos recursos semânticos. Bom bom são os sacos de pancada mais à mão. Por exemplo, o Hugo Chavez. O merdas é um cretino em toda a linha. Mas para quê perder tempo com fascínoras? É dar-lhe cabo do sebo ou metê-lo num hospício, restaurar a democracia no país dele e pronto. Assim sobrava tempo para se falar em coisas importantes: o pré-romantismo do "Sturm und Drang", a cinematografia de Alain Tanner, ou a obra de Albert Cossery, por exemplo. Atentos ao fenómeno de concorrência desleal, os psiquiatras continuariam a fazer a mesma pergunta sacramental: "afinal, onde meteu o/a senhor/a a zanga"? E alguns, mais zangados, responderiam: "olhe, vá você", ou "meta-a você", ou, melhor ainda, "meta-a num sítio que eu cá sei, mas não digo agora, pois logo à noite vou escarrapachá-lo no blogue"...
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