terça-feira, 21 de abril de 2009

A Europa por um canudo

Pelo que se viu ontem no programa "Prós e Contras", a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu irá ficar para a história como das mais bocejantes e vazias de que há memória. Os tópicos de discussão não vão além dos lugares comuns. Da troca de galhardetes. Mas passemos ao debate na especialidade. A inevitável Ilda Figueiredo lá vai debitando a ladainha dos horrores que, segundo os comunistas, assombrarão ad eternum o país. A encenação é tão má que a candidata mais parece estar a vender senhas para o sorteio do carro da associação dos ceguinhos. O cabeça de lista do PP teve um momento feliz, quando anunciou que, dos milhões do QREN com que Portugal foi contemplado, só para uma infima percentagem tinham sido até agora apresentadas candidaturas em Bruxelas. Por sua vez, Miguel Portas esteve em geral à altura dos seus pergaminhos. Embora ideologicamente distante, simpatizo com o personagem. Rangel, por sua vez, esteve qb. Mas é sobre Vital Moreira que me queria alongar. Apesar da consideração intelectual e académica que o Professor coimbrão me merece - a Constituição anotada de que é co-autor ainda hoja é a minha "bíblia" nesse ramo jurídico - a sua prestação eleitoral, pelo que tenho visto até agora, prevejo que irá ser um fracasso. Para já, a imagem não ajuda. Mas isso é o menos. Um toque de "avô cantigas" até pode criar alguma empatia nos indecisos. O problema é o seu discurso. No qual utiliza algumas técnicas de guerrilha e brainstorming herdadas da passagem pelo PCP. V.M., à semelhança da esquerda tradicional, não quer esperar pelo veredicto da História. Sobretudo quando se trata de enaltecer os seus méritos de resistente. Já se viu isso na questão da mordaça, lançada por Rangel. Vital apareceu logo colocando-se no pedestal do combatente, munido da característica superioridade moral do "eu é que conheci mordaças", "eu é que sei o que isso é", "tenho o cinturão negro de combatente anti-façista, querem ver, querem?", "vejam lá se querem levar uns golpes!", "quantos são, quantos são? Com este bigodinho de tomador de bicas e devorador de jornais ainda chego para eles!" "respeitinho que a mim ninguém me dá lições de mordaças!". E por aí adiante. Como se nota, uma variante do "eu é que sou o plesidente da Junta", na sub-espécie "rtp memória". Ó homem, espere pela História! Decerto ficará na galeria de opositores a esse regime estúpido e iníquo! Mas tenha calma, tá bem? Não gaste as munições por dá cá aquela palha! E pronto, da minha parte adivinha-se um belo dia de praia em Junho.

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