
1. Dia 25: abriu com os paquistaneses FAIZ ALI FAIZ. Música de carácter ritual, mostrando um forte pendor repetitivo, extático, o que não admira, pois é largamente inspirada na mística dos sufis. Curiosamente, o apresentador classificou-os de "sofistas"!!! Confesso que a imagem de uns barbudos cínicos, com túnicas, desancados por Sócrates na ágora de Atenas, de repente tele transportados para o palco, foi de tal forma hilariante que só consegui parar de rir a meio da primeira música. Adiante. Como se esperava, o som encantatório dos paquistaneses dominou a assistência e deixou-me sem mais palavras. Seguiu-se um grupo finlandês chamado KTO. Uma espécie de caldo gótico, folkadelic e funk de feira, com alguns momentos a fazer lembrar os saudosos Hedningarna, em versão rasca. A estrela principal da companhia era um acordeonista semi acrobata, que fez questão de mostrar o rabo ao baterista, arrotou algumas postas de humor escandinavo versão pimba, mas denotando, infelizmente, um talento musical escasso. Seguiu-se umm inacreditável chinês chamado CUI JIAN. Apresentado como "o pai do rock chinês", pelo patusco apresentador. Foi banido, por razões políticas, na altura dos acontecimentos de Tianamen, tendo sido "reintegrado" há uns anos pelo "simpático" regime chinês. Pela música abaixo de cão que apresentou no castelo de Sines percebe-se porquê. Alguém nessa noite e que residiu em Macau nos anos 80 informou-me que, nessa altura, o Cui era a pop star mais fulgurante do momento. E que, pelos vistos, continua a imitar as suas próprias imitações de standards do pop-rock ocidental. Horrível. Com um pai destes, nem a mãe **** nem os filhos almoçam.
2. Dia 26: Começaram os KOBI ISRAELITE. Um grupo de fusão. Já cheguei tarde, pois não resisti a uma escapadela à praia do Alvolião, na Zambujeira e a um vinho branco, partilhado com uns amigos numa certa tasca no Brejão, acompanhado de uma salada de polvo. O som desta formação pareceu-me banal, nada trazendo de novo em termos de música tradicional. Seguiu-se a cantora ROKIA TRAORÉ, do Mali. Fazendo-se acompanhar de um excelente naipe de músicos, mostrou como se pode fazer uma leitura dinâmica da raiz tradicional, sem a adulterar. Incluindo alguns instrumentos, como a cora. Um grande momento musical. Fechou em grupo heterogéneo, composto por músicos originários da Irlanda, da Suiça e dos EUA. Que interpretaram como ninguém aquilo que parece ter sido a tónica deste festival: uma cacofonia electrónica, de feira, onde a música de raiz tradicional só aparece a espaços.
3. Conclusão: a música enquanto factor de identidade, enquanto marca étnica, é a razão de ser destes festivais. São já demasiadas as concessões ao gosto hegemónico, ao caldeirão da massificação, para se poder falar em Festival de Músicas do Mundo. Nem que mais não seja, porque se trata de publicidade enganosa. Por isso, não partilho da visão acrítica do Victor Afonso sobre os espectáculos que presenciou. Fora do programa oficial, salvou-se o resto, como seria de esperar: a festa "cá fora", pela noite dentro, junto ao castelo e, sobretudo, ao longo da marginal, junto ao palco aí instalado, onde se apresentaram bandas até "às tantas", as manifestações das tribos neo-psicadélicas, o artesanato, os aromas no ar e uma alegria irresistível e irresponsável.
2. Dia 26: Começaram os KOBI ISRAELITE. Um grupo de fusão. Já cheguei tarde, pois não resisti a uma escapadela à praia do Alvolião, na Zambujeira e a um vinho branco, partilhado com uns amigos numa certa tasca no Brejão, acompanhado de uma salada de polvo. O som desta formação pareceu-me banal, nada trazendo de novo em termos de música tradicional. Seguiu-se a cantora ROKIA TRAORÉ, do Mali. Fazendo-se acompanhar de um excelente naipe de músicos, mostrou como se pode fazer uma leitura dinâmica da raiz tradicional, sem a adulterar. Incluindo alguns instrumentos, como a cora. Um grande momento musical. Fechou em grupo heterogéneo, composto por músicos originários da Irlanda, da Suiça e dos EUA. Que interpretaram como ninguém aquilo que parece ter sido a tónica deste festival: uma cacofonia electrónica, de feira, onde a música de raiz tradicional só aparece a espaços.
3. Conclusão: a música enquanto factor de identidade, enquanto marca étnica, é a razão de ser destes festivais. São já demasiadas as concessões ao gosto hegemónico, ao caldeirão da massificação, para se poder falar em Festival de Músicas do Mundo. Nem que mais não seja, porque se trata de publicidade enganosa. Por isso, não partilho da visão acrítica do Victor Afonso sobre os espectáculos que presenciou. Fora do programa oficial, salvou-se o resto, como seria de esperar: a festa "cá fora", pela noite dentro, junto ao castelo e, sobretudo, ao longo da marginal, junto ao palco aí instalado, onde se apresentaram bandas até "às tantas", as manifestações das tribos neo-psicadélicas, o artesanato, os aromas no ar e uma alegria irresistível e irresponsável.
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