
em tempo de narcisos (que sabem
o sentido da vida é crescer)
esquecendo porquê, recorda como
em tempo de lilases que proclamam
o desígnio da vigília é sonhar,
recorda assim (esquecendo parece)
em tempo de rosas (que assombram
o nosso agora e aqui com o paraíso)
esquecendo se, recorda sim
em tempo de todas as doçuras para além
do que quer que a mente possa entender,
recorda busca (esquecendo acha)
e num mistério a haver
(quando o tempo do tempo nos livrar)
esquecendo-me, recorda-me
e.e. cummimgs, "xix poemas", trad. Jorge Fazenda lourenço, Assírio & Alvim, 1991
Sobre o autor:
Edward Eastlin Cummings, que literariamente sempre assinou e. e. cummings ( em caixa baixa), nasceu em 14 de outrubro de 1894, em Cambridge, Massachusetts. Estudou em Harvard, de 1911 a 1915, especializando-se em literatura grega. Um autêntico homem sem profissão, Cummings viveu por toda a sua vida dos parcos ganhos de poeta e pintor, a princípio ajudado pelos seus pais e avós, depois pela mulher, Marion, modelo e fotógrafa. Amigo de John dos Passos e de Erza Pound. Convidado para proferir conferências em Harvard, de 1952 a 1953, escreveu seis palestras, que intitulou i: six nonlectures(eu:seis não-conferências), com as quais, descobrindo em si próprio uma extraordinária vocação para a leitura de poemas, percorreu com grande êxito de audiência colégios e universidades. Cummings morreu em 3 de setembro de 1962.
Bibliografia: Tulips and Chimneys (1923), &(And) (1925), XLI Poems (1925), Is 5 (1926), W (ViVa) (1931), No Thanks (1935), "Neu Poems" from Collected Poems (1938), 50 Poems (1940), 1 x 1 (1944), XAIPE (1950), Poems 1923-1954 (1954), 95 Poems (1958), 73 Poems (1963).
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