domingo, 5 de julho de 2009

Contraditório

Por vezes ouço o programa "Contraditório", na Antena 1. Trata-se de uma emissão em formato "debate", com comentadores residentes: Ana Sá Lopes, Carlos Magno e Luís Delgado. Recentemente, fui formando a convicção de que a rubrica já teve melhores dias. Na última emissão discutiu-se a saga taurina de Manuel Pinho, o debate parlamentar sobre o Estado da Nação e o relatório da SEDES, que aponta o estado da Justiça como o principal factor de descredibilização do regime. Pois acreditem que o fórum se saldou por uma mediocridade nunca vista. Os comentadores limitaram-se a debitar lugares-comuns, por vezes a descair para o engraçadismo, sem nunca ir à raiz dos problemas. Ana Sá Lopes, um dos maiores exemplos vivos do politicamente correcto, não descola do discurso da tia da Linha, indecisa entre ir ao psicanalista ou ir a uma reunião feminista. A vacuidade é atroz. Luís Delgado, mais um liberal saído na Farinha Maizena, tornou-se um apoiante de última hora de Sócrates. Tudo isto porque, sendo um santanista, não lhe interessam nem um bocadinhos os louros para Ferreira Leite. Lá vai dizendo umas coisinhas sobre politica internacional com algum interesse. O mais lúcido, apesar de tudo. Por último, aparece Carlos Magno. O homem está em estado de pré-senilidade. Repete-se, não deixa falar os outros. Permanentemente auto-centrado, não esconde um provincianismo que, no Porto, já só usa quem quer. O seu posicionamento político é uma nebulosa de bitaites. Onde o factor territorial, com o Porto no centro de tudo, comanda a vida, como na canção. Depois quer fazer passar um progressismo afinal conservador, muito "anos 60", do género "eu é que estive lá nos anos da brasa", etc. É o típico burguês do Norte, mas sem o brilho, a ilustração, ou aquele cepticismo epicurista que podemos encontrar nas crónicas de António Souza Homem. O que redunda, por vezes, num atavismo inaceitável. Recordo-me do momento em que Ana Sá Lopes relatava a importância que tiveram na AR as redes sociais online, mormente o Twitter, no episódio da demissão de Pinho, após a sua investida. Magno rebateu logo que isso (as redes) era politicamente correcto. Assim, sem mais nada. Em que planeta vive este homem? No conjunto, a argumentação de todos foi paupérrima. No caso da Justiça, limitaram-se a meia dúzia de banalidades, a uma comparação com o sistema judicial americano e se a pena imposta a Madoff tinha sido "correcta". Muito pouco, diga-se. Nunca lhes passou pela cabeça que o maior problema da Justiça se pode encontrar na crónica balcanização pelas várias classes que nela operam?

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