domingo, 14 de setembro de 2008

Aquele f..... mês de agosto

Este Verão fui convidado para apresentar uma mão cheia de concertos em vários palcos, de norte a sul do país. Ia a dizer de leste a oeste, mas como se sabe, a medida da longitude é posterior à da latitude. Só foi determinada com exactidão em finais do séc. XVIII. O que causou muitos amargos de boca aos mareantes de antanho. Como se já não bastasse o escorbuto. Pronto, sei que esta foi de mau gosto, mas prometo que não repetirei. Assim, de Norte a Sul sempre transmite aquele à vontade e aquela vastidão de horizontes de que tanto gosto. Eles bem insistiram para que tocasse em público. "Eles" quer dizer: "Festival da Terra Queimada", na zona do pinhal; festival "Vala Comum", com música gótica e um suicídio colectivo no final, tudo incluído na EP; festival cerveja "Foster's", com direito a um boomerang e um kit de aulas de natação; festival "Novas Pautas, Novos Sentidos", uma coisa mais intelectual, com alguns coleccionadores infiltrados, estando prevista no programa a apresentação de vários músicos experimentais, um deles especializado na percussão de panelas de pressão com um polvo lá dentro e tampas de sanita a abrir e a fechar. Só que, apesar dos incontidos derrames lacrimais das legiões de fãs, não pude dar-lhes música. A razão deu-se numa bela tarde deste Verão. Tolhido num cadeirão de praia por causa de um entorse no pé esquerdo (já estou bom, obrigadinho), tive uma iluminação. Uma figura celestial chegou-se (primeiro pensava que era uma enfermeira com o anti-inflamatório) e assim falou: "ó ímpio tocador de instrumentos electrónicos, que com eles conspurcas os santos mandamentos, e que tal mudares de musiqueta? Não estás farto desses solos intermináveis, com um cheirinho dub, essas paisagens demoníacas do chill (não é o dos nitratos, ó anormal)? Arroja-te ao chão e pede perdão por tais blasfémias." E assim fiz. Seguiu-se um período de reconversão espiritual. Meti a viola no saco. Doei os samplers a uma sociedade recreativa de Bardaquém. Sou uma pessoa nova. Posso-vos contar a minha história se me enviarem 20 euros de sinal e outro tanto por cada capítulo. Dêem-me o número do vosso cartãozinho, que depois um colega espiritual aqui ao meu lado a palitar os dentes se encarrega do resto. Mesmo assim, como muito bem sabem, posso continuar a ser aquela músico enigmático, mas prolífico, que todos conhecem. Até vos posso mostrar o meu curriculum. O link segue a seguir. Querem ver, querem? Com fotografia, resmas de autores favoritos e uma frase assim intelectual e tal.

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