O Judas
Nunca gostei da peça. A recente nomeação, por baixo da porta, para gerir a requalificação do porto de Lisboa, generosamente paga com a presença na candidatura de Costa, só veio lembrar-me porquê. Como advogado, é o que se sabe: defende descaradamente que o Estado deve ser cliente "natural" das grandes sociedades de advogados, como aquela de que é sócio, by the way. Enquanto Bastonário, beneficiou claramente o tipo de advocacia "socialite". Mas deixemos essas minudências. Como figura pública, é um dos ornamentos mais caricatos do regime. Escreve artigos nos jornais que mais parecem case studies de retórica sofista. O Homem não diz nada de novo, como um aluno aplicado de La Palisse. Mas as palavras enchem, enchem, enlevam, descrevem trajectos fantásticos para voltarem ao mesmo lugar. Tresandam à velha burguesia recauchutada com as prebendas do regime. São palavras que se libertaram impunemente da Verdade. Que não se tomam verdadeiramente a sério, porque não podem. Se o fizessem, seriam pura brincadeira, uma brincadeira de mau gosto. Palavras que exudam arrogância por todos os poros, uma insuportável arrogância classista. Que sugerem erudição, mas pouco mais carregam do que chico-espertismo sofisticado. Palavras que transportam consigo o sibilino canto da corrupção moral e uma ânsia desmesurada de protagonismo, bem próprias do orgiasta acaciano que, no fundo, ele é. O resto, já se sabe. Onde cheirar a influência, lá está o homem.
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