terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Já vão quatro!


O "Boca de Incêndio" faz hoje 4 anos. Uma idade respeitável para um blogue, dirão muitos. Um ciclo de vida esgotado, dirão outros, embora com renitência. Ou não será antes o momento onde o cansaço se transforma em anseio de caducidade? Também... Seja como for, não existe nenhuma tabela de correspondências entre o tempo real e a duração, cheia de circunvalações e filigranas, de um blogue. Montaigne praticamente não saiu da torre do castelo para onde se retirou, escrevendo, a certa altura da sua vida... Precisamente porque descobriu que só um amor inesgotável pelo mundo pode fazer balancear o espírito para a sua consagração.
Como os visitadores ordinários bem sabem e aos outros lembro, o "Boca de Incêndio" tem uma estrutura, digamos, bicéfala. Ou seja, em parte flexível, sem nenhum ordenamento temático ou formal, e em parte constituída por rubricas sequenciais. As quais marcam o ritmo das actualizações da mesma forma que a poesia marca o compasso do todo. De tal forma que o peixe amarelo do texto de Herberto Helder, que devia ser de outra cor, às vezes aparece mesmo como amarelo. Por outro lado, conseguiu afirmar-se como um blogue do mundo e que fala para o mundo. Quando o encontra ao virar da esquina, é para aí que se dirige. Afirmou-se decisivamente na cena blogosférica nacional. A sério! Longe de ser consensual, evita as polémicas estéreis. Por falar nisso, elas não têm abundado por aí além. Ou seja, o debate de ideias foi substituído pelas comichões anónimas, para as quais a gerência, embora declinando qualquer responsabilidade, pode disponibilizar algumas pomadas. Será esta suposta alocação do confronto ideológico por questiúnculas pessoais um sinal dos tempos? De modo nenhum. Para mim, são puros desafios. A afirmação de que o "Boca de Incêndio" é um "espaço de liberdade" não corresponde a qualquer soundbite ou campanha promocional, mas tão só a uma exigência diária, a um exercício que não teme o erro. Portanto, as tentativas de condicionamento daqueles que convivem mal com a pluralidade, com a diversidade, nunca surtiram nem surtirão efeito. Aqui ou noutro lugar qualquer.
Resta-me agradecer sinceramente a todos os que este blogue têm seguido, apoiado, acrescentado, incentivado, visitado mais ou menos amiúde, divulgado, corrigido ou comentado com pertinência. Sobre o seu futuro, muito em breve darei notícias mais detalhadas.

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